Cultura Pop
Aquela vez em que Wagner Montes sofreu um acidente de triciclo e ganhou homenagem
Em 1981, o controverso apresentador de TV, jornalista e político Wagner Montes sofreu um acidente de triciclo e perdeu metade da perna direita. Na época, ele era uma das pessoas que mais ameaçavam a audiência da Rede Globo com o vespertino O povo na TV, da TVS (hoje SBT). No programa, atendia populares, pregava a prisão e o extermínio de bandidos (o bordão “vamos limpando!” marcou época), etc.
Um blog chamado Rede Dante recordou os dias de Wagner Montes logo após perder metade de uma das pernas, usando reportagens do Jornal do Brasil e da Sétimo Céu. Wagner dizia que continuaria na luta “pela defesa dos bons profissionais da polícia e contra os bandidos e traficantes de tóxico” (sic), entrou no estúdio do SBT para ser homenageado conduzido numa cadeira de rodas e carregando um chicote (bom, ele se dizia “o chicote do povo”) e dizia que continua lutando pelo povo “enquanto não amputarem meu cérebro, meu coração e minha língua”.
Aliás, vale citar a lista de notáveis que foi lá visitar o recuperado Wagner Montes: “O prefeito de Niterói, Wellington Moreira Franco, a ex-deputada Sandra Cavalcanti, o banqueiro de bicho Castor de Andrade e o ex-deputado Tenório Cavalcanti”.
O Povo na TV acabou eternizando o futuro SBT no segundo lugar absoluto, fez com que a Globo decidisse contra-atacar (a emissora do Jardim Botânico criou o Caso Verdade, com histórias reais, todo dia às 17h, e recontratou Chacrinha) e ganhou ares de telenovela quando rolou o tal acidente com o apresentador. Que logo depois foi homenageado pela Sétimo Céu.
Se você não se recorda disso, vamos lá: entre os anos 1960 e 1980, as fotonovelas faziam o maior sucesso. A ponto de a Bloch, que editava a Sétimo Céu, manter uma Central Bloch de Fotonovelas (oi?), fazer histórias com artistas famosos e fazer delas o fechamento com chave de ouro de várias de suas publicações popularescas e (vá lá) femininas.
A Sétimo Céu republicou duas fotonovelas com Wagner, feitas antes do acidente, fez uma pequena cobertura da recuperação do apresentador e mostrou o policialesco e saudoso Wagner como um herói da classe popular. Significativo para 1981, e talvez também o seja para 2019.