Cultura Pop

Aquela vez em que Shaun Cassidy foi produzido por Todd Rundgren

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Se você, querido (a) millenial, não faz a menor ideia de quem seja Shaun Cassidy, a gente te apresenta. Shaun, hoje com 61 anos, foi ator de TV, cinema e teatro nos anos 1970, e foi um artista que surgiu do interesse repentino por seu irmão, David Cassidy, o Keith Partridge da série A família dó-re-mi. Shaun virou astro pop, ídolo jovem (tinha 18 anos na época), estampou capas de revistas e gravou seu primeiro hit, sei lá se tardiamente, no ano do levante punk, 1977.

O primeiro disco, Shaun Cassidy, e o hit Da doo ron ron, saíram naquele ano, uma época em que tudo ficava velho muito cedo. Mas ambos os lançamentos venderam que nem água mineral sem geosmina, solidificaram a imagem de Cassidy e lhe arrumaram uma cordilheira de fãs. Se você nunca ouviu, tá aí o primeiro hit dele.

O que ninguém esperava era que, com as mudanças no universo pop, Cassidy ficasse para trás tão rápido. Room service, o caríssimo quarto disco de Shaun, saiu em 1979 e trazia na ficha técnica um monte de músicos de estúdio. You’re using me foi o single. Só que, em época de new wave e fim da disco music, Shaun viu as vendas do LP e do compacto descerem morro abaixo.

Até que chega 1980 e Cassidy tem uma ideia que… bom, parecia genial. O cantor resolveu recrutar Todd Rundgren, que ainda trafegava na linha do art rock (lançando discos cada vez mais difíceis, é verdade) mas ainda tinha certo nome como produtor, para cuidar de seu novo disco. Olha aí a capa de Wasp, quinto álbum de Shaun, de 1980.

Na prática, hoje em dia talvez ninguém estranhe muito quando um astro pop se une a um produtor “difícil” para gravar um disco. Já na época, foi meio esquisito. Shaun contemporizava dizendo que “sempre tinha curtido o trabalho de Todd” e, ora vamos, o disco novo do cantor caía dentro da new wave, com músicas de David Bowie (a cover de Rebel rebel, single do disco), Talking Heads (The book I read) e até Ian Hunter (o hit Once bitten twice shy).

Ah, sim, ele gravou também So sad about us, do The Who, em versão bacaninha.

Sim, tem fãs, alguns bem novos e que não conheceram Shaun em tempos de sucesso, que cultuam esse disco. Olha o cantor batendo um papo com alguns deles no Twitter.

Para gravar com Shaun, Todd carregou para dentro do estúdio a galera com quem andava na época: a turma do grupo progressivo Utopia, com quem gravava discos e ainda tinha grandes vendagens e shows lotados. Poderia ter dado certo, mas não deu não. Wasp vendeu pouco, não conseguiu vender Cassidy como o grande astro da new wave que ele imaginou ser e acabou sendo o último disco de Shaun. Que passaria a se dedicar mais à TV, ao cinema e a qualquer outra coisa que não fosse gravar discos.

Só ano passado, dois anos depois da morte do irmão David, Shaun animou-se a subir num palco, quatro décadas após seu último show. Foi uma apresentação pequena, para cem pessoas, com direito a homenagem a David, já que ele cantou um hit da Família dó-ré-mi, I’m meet you halfway, e o tema de Blood brothers, série na qual ele e o irmão atuaram.

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