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Aquela vez em que Keith Richards gravou um single de Natal

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Keith Richards passou por, er, uma série de perrengues entre 1977 e 1978, descritos com riqueza de detalhes na sua autobiografia Vida. Em 1977, a polícia de Toronto, no Canadá, descobriu, no quarto de hotel dele, uma quantidade de heroína inglesa suficiente para que ele fosse enquadrado como traficante.

O caso chegou às páginas dos jornais locais e o próprio guitarrista admite no livro que o interesse da mídia aumentou mais ainda quando descobriram que Margaret Trudeau, esposa do primeiro-ministro do país, havia se instalado no mesmo hotel dos Rolling Stones.

O guitarrista passou um bom tempo lidando com a hipótese de ficar preso por sete anos, foi liberado para ir aos Estados Unidos se curar do vício (o filho Marlon, que vivia com ele pra lá e pra cá, foi entregue a uma família padrão cristã) e conseguiu um tratamento, com a médica Meg Patterson, que lhe permitia encher a cara de uísque como substituição à heroína (!).

Incrivelmente deu certo por uns tempos, já que Keith Richards deu uma escorregada nas tentações durante as gravações do disco Some girls (1978), quando volta e meia ia ao banheiro do estúdio se picar. O assunto “drogas” acabou vazando para uma faixa do disco, Before they make me run, cantada pelo próprio Keith, e que falava de “bebidas, pílulas e pó”. Uma canção que, segundo o músico, ninguém gostou de imediato, mas que lhe tomou cinco dias de trabalho no estúdio.

O fantasma dos sete anos de prisão só foi embora em 24 de outubro de 1978, quando Keith foi recebido por vários fãs no tribunal, e o juiz Lloyd Graburn alegou que viciados só deveriam ir para a cadeia se roubassem para sustentar seu vício – coisa que o multimilionário Richards não precisava fazer. O músico se livraria da prisão desde que fizesse um concerto gratuito para fãs cegos – a ideia surgiu por causa da uma fã cega dos Stones, Rita, que pegava carona para ir aos shows, e depôs a favor dele.

E, enfim, para encerrar aquele ano de 1978, nada melhor do que um compactinho solo de natal lançado pelo guitarrista dos Stones. Olha aí Run Rudolph run, que tinha no lado B The harder they come, cover do reggae popularizado por Jimmy Cliff.

Run Rudolph run, de Chuck Berry, já estava gravada tem um tempinho: foi gravada em Londres em 1976, no meio dos preparativos para a gravação do LP duplo Love you live (1977), com Keith Richards na guitarra e na voz, Ian Stewart no piano e Mike Driscoll na bateria. Já The harder surgiu logo depois da turnê do disco Some girls (1978).

Ah, sim, as duas músicas foram reeditadas em 2018 num EP que ainda tinha Pressure drop, música do grupo de reggae Toots and the Maytals, gravada pelo guitarrista em 2003 mas que ainda estava inédita.

Via CBC e Austin Chronicle.

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