Cultura Pop

Aquela vez em que Henry Rollins produziu um disco de Charles Manson

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Sim, teve isso: quando era apenas um jovem punk que cantava no Black Flag e morava nas dependências da gravadora da banda, SST, Henry Rollins quase ganhou aquilo que não podemos chamar exatamente de oportunidade de ouro. Em uma dada altura dos anos 1980, ele foi chamado para produzir um disco de ninguém menos que Charles Manson.

O mandante dos crimes da “família” mais psicopata dos anos 1960 estava (para o bem de todos) absolutamente encarcerado. Mas se comunicava com pessoas por carta e fazia planos para voltar à música. Aliás, virar músico de sucesso era sua ideia original, só que ele resolveu ficar puto da vida com meio mundo do mercado fonográfico e partir para os assassinatos.

Rollins revelou a história numa entrevista de rádio em 2010. Na época, seu quarto de dormir era um “armário de vassouras mofado” na sede da SST, quando a gravadora foi contactada por advogados de Manson, pedindo ajuda para completar e lançar canções do meliante. Rollins envolveu-se com o projeto e a SST chegou a fazer cinco cópias do disco – duas delas estão com o produtor e o restante deve ter sido enviado para Manson. Mas não passou disso, porque rolaram umas ameaças de morte e a gravadora desistiu do lançamento.

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A história tem outros lances: Rollins disse certa vez ao New Musical Express que ele e Manson chegaram a ser amigos por correspondência. O bizarro relacionamento começou de maneira gratuita. “Ele me escreveu uma carta do nada uma vez e disse: ‘Eu vi você na MTV e achei você muito legal'”, contou Rollins, que credita à falta de maturidade a continuidade do bate-papo por carta. “Na época, eu era muito jovem e ter Manson me escrevendo cartas me fez sentir muito intenso e pesado. Eu sempre saberia que teria uma carta dele na minha caixa postal, porque a mulher atrás do balcão do correio daria uma olhada horrível para você. Suas cartas sempre teriam suásticas, então eram fáceis de identificar”.

Rollins recordou que o tal papo com o desgraçado Manson rolou em 1984. “Eu só contava o que estava acontecendo com nosso novo álbum e ele me enviava respostas semi-lúcidas. Ele contou sobre e os Beach Boys roubando suas ideias, o que me soou como aquela história do ‘as uvas estão verdes’. E me disse para dizer a todos os outros para cuidar da vida selvagem. Deve ter sido o velho hippie nele falando”, contou.

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Para compensar o tempo que você perdeu lendo o nome de um ser humano desprezível como Charles Manson, pega aí Black Flag ao vivo justamente em 1984, com o então cabeludo Rollins nos vocais.

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