Cultura Pop

50 em 21: discos cinquentões no rádio

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Com vários podcasts, canais de YouTube e programas de TV contando histórias de discos clássicos, só faltava uma série de rádio para falar tudo sobre álbuns famosos da música. Não falta mais: a Rádio Roquette-Pinto, do Rio, estreia nesta segunda (7), às 21h, a série 50 em 21, enfocando 15 discos que completam cinco décadas neste ano, um por semana. O apresentador é o produtor e músico Nilo Romero, que convidou Roberto Menescal para abrir os trabalhos, contando a história do disco Construção, de Chico Buarque, que ele produziu.

Nilo, que cuidou de discos como Ideologia, de Cazuza (1988), diz ao POP FANTASMA que a ideia do programa é ouvir música a três: no caso, ele, o convidado e o ouvinte. “Como antigamente, quando as pessoas se reuniam para ouvir música”, recorda. O projeto de festejar as cinco décadas de vários álbuns surgiu após uma conversa com o cantor Toni Platão, diretor artístico da emissora.

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“E a gente comenta os discos como se fazia há alguns anos: ‘olha essa guitarra’, ‘ouve essa letra’, ‘aumenta mais o volume'”, conta. Na estreia, Nilo e Menescal recordam histórias raras de Construção, como o fato da gravação da orquestra do LP ter sido apagada, por um descuido de um auxiliar do estúdio (tudo foi regravado sem Chico nem sequer desconfiar disso). Os dois recordam também que a censura foi bastante forte no lançamento.

“E também o fato de haver uma música de trabalho (a faixa-título) de seis minutos. Ou a opção de colocar a letra de Construção na contracapa”, conta. “Vejo essas músicas grandes como uma coisa curiosa. Esse estouro de músicas com tamanho acima do normal aconteceu com pelo menos três discos que vamos abordar: o do Chico, What’s going on, do Marvin Gaye, e o álbum de Stairway to heaven, do Led Zeppelin. Nessa última, a gravadora não queria que fosse single, não fez o single, e o LP vendeu como se fosse o compacto!”, completa.

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Os convidados foram escolhidos por proximidade com o disco enfocado. What’s going on, de Marvin Gaye, ganha participação da cantora Silvia Machete. Paulo Ricardo escolheu o disco de 1971 de Roberto Carlos. Já Roberto Frejat comenta sobre Sticky fingers, dos Rolling Stones, e sobre Fa-tal (Gal a todo vapor), duplo ao vivo de Gal Costa. O álbum da baiana faz parte da vida e da história de amizade entre Nilo e o guitarrista, que vem de longe.

“Eu e Frejat estudamos juntos no colégio e íamos a muitos shows juntos. Inclusive no Teatro Teresa Raquel, onde o disco da Gal foi gravado. A gente ia lá e chegava mais cedo para poder ficar na primeira fila em frente ao Pepeu Gomes (que tocou no show de Gal)“, recorda Nilo, de olho no nicho das pessoas que curtem ouvir álbuns inteiros, apesar do hábito estar cada vez mais escondido em tempos de singles e vídeos. “Não acho que o tempo dos álbuns vá voltar porque música está cada vez mais ligada à imagem. Mas vai sempre haver pessoas que gostam de LPs. E é importante historicamente saber que eles existem”, afirma.

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Já Pedro Luís vai falar no 50 em 21 sobre o disco de 1971 de Tim Maia. Paulinho Moska vai abordar Jardim elétrico, dos Mutantes. Ritchie, que lançou em 2019 Wild world, CD dedicado ao repertório de Cat Stevens, fala sobre Teaser and the firecat, disco do cantor. “No programa, até colocamos algumas músicas na voz do próprio Ritchie em vez do Cat”, conta Nilo. Que, aliás, chamou também convidados que não são músicos: o fotógrafo Milton Montenegro viu de perto o lançamento do disco sem título do Led Zeppelin (que tem Stairway to heaven) e vai falar dele.

NILO EM ESTÚDIO

Além do programa, Nilo vem produzindo coisas novas. Cuidou do single de uma cantora adolescente chamada Carol Gibbon e está produzindo a trilha de um documentário chamado Na fronteira da imagem, do cineasta chileno Jorge Duran. Alguns novos lançamentos têm data pra sair: dia 17 de junho sai Mina, uma sobra de estúdio de Só se for a dois, disco de Cazuza que Nilo produziu. A música foi composta por ele mesmo ao lado de Cazuza e George Israel. Para o lançamento, ela ganha um vídeo de animação produzido pelo tecladista Humberto Barros.

Nilo também produziu Estrela Moraes, música do ex-saxofonista do Kid Abelha, George Israel, em homenagem a Moraes Moreira, morto ano passado. O single teve participações de dois filhos de George, Cat (no vocal) e Leo (na bateria, percussão e piano), além de Felipe, filho de Pepeu Gomes (violão). “Sai no dia do aniversário de Moraes (8 de julho)“, anuncia Nilo.

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