4 discos
4 discos: Titãs sem Arnaldo Antunes
Diz a biografia A vida até parece uma festa, de Herica Marmo e Luiz Andre Alzer, que Arnaldo Antunes passou a se desinteressar dos Titãs apos a guinada pesada de Tudo ao mesmo tempo agora (1991). O grupo assustou fãs antigos, passou a ter menos execução em radio e deixou o ex-titã, que já pensava num trabalho solo, sem rumo na banda. Arnaldo continuou compondo ocasionalmente com o grupo e, de certa forma, criou uma marca tão forte que certas musicas de discos posteriores, sem a presença dele, pareciam ter sido feitas para ele cantar.
Comemorando os 40 anos da banda, tem show em septeto (com Arnaldo de volta) vindo aí. E o repertorio deverá incluir musicas de fases diferentes da banda, não importando quem estava na formação. Aproveitamos pra relembrar quatro discos da fase pós-Arnaldo Antunes, incluindo álbuns que com certeza você não ouviu com a mesma atenção que ouviu Cabeça dinossauro. Ah, sim, neste texto, dissemos que você não só pode como deve ouvir Volume 2, a continuação do Acústico MTV.
“TITANOMAQUIA” (WEA, 1993). Meio óbvio sugerir o primeiro disco produzido por Jack Endino, mas vale pela qualidade e pela curiosidade: uma banda mainstream do Brasil, produzida por um mestre do barulho americano, esfregando na cara do ouvinte rancores com a critica (Será que é isso que eu necessito?), historias aterrorizantes (Dissertação do papa sobre o crime seguida de orgia), comentários irônicos sobre globalização (Disneylândia) e temas experimentais e anti-mainstream (Taxidermia, Felizes são os peixes). Era assim que os Titãs achavam que iriam chegar às paradas em 1993, ou não.
“AS DEZ MAIS” (WEA, 1999). Difícil defender um disco de covers, feito numa época em que o contrato da banda com sua gravadora de mais de dez anos se encerrava – ainda mais em se tratando de um álbum que a própria WEA estranhou, achando que o grupo regravaria clássicos do punk. Para fãs de longa data dos Titãs, As dez mais tem a função de apresentar referências antigas da banda no rock brasileiro e na MPB, mas vale prestar atenção na releitura sessentista de Um certo alguém, de Lulu Santos, nas versões baladinha acústica de Querem acabar comigo, de Roberto Carlos e de Gostava tanto de você, de Tim Maia. Teve também a releitura de Pelados em Santos, dos Mamonas Assassinas, com um clipe (procura no YouTube) que deixa a banda com cara de Casseta & Planeta pós-punk.
“A MELHOR BANDA DE TODOS OS TEMPOS DA ÚLTIMA SEMANA” (Abril, 2001). Composto com Marcelo Fromer e gravado sem ele, é um dos discos sem Arnaldo (embora ele tenha composto com a banda) que mais têm a cara dos Titãs pré-1986. Os Titãs juvenis de Televisão batem ponto na faixa-titulo, em Mundo cão, Cuidado com você e Vamos ao trabalho. É também o disco de O mundo é bão, Sebastião!, hoje mais identificada com o autor, Nando Reis. Marcado por coincidências infelizes (da inatividade da equipe que empresariava a banda até um assalto à distribuidora que estocava o CD), A melhor banda fez sucesso especialmente pela redescoberta, dessa vez com sucesso, dos Titãs baladeiros em Epitáfio e Isso.
“COMO ESTÃO VOCÊS?” (BMG, 2003). O disco que tem as melhores canções da fase mais recente dos Titãs, e o primeiro disco do grupo feito em quinteto, após a saída de Nando Reis. Talvez pela diminuição no line-up, soa mais simplificado, compacto e roqueiro, em músicas como Nós estamos bem, Gina Superstar, Pra você ficar, Eu não sou um bom lugar (primeiro hit do disco, ofuscado pela balada triste Enquanto houver sol), Ser estranho. É também o disco que tem uma das melhores e mais políticas letras dos Titãs, KGB. O álbum acabou marcando mais um hiato de discos inéditos da banda, que só voltaria em 2009 com seu pior disco, Sacos plásticos.