Crítica

Ouvimos: Sorry Girls – “Dreamwalker”

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RESENHA: Sorry Girls junta soft rock, dream pop e clima 70/80 em Dreamwalker, disco bem produzido com ecos de Fleetwood Mac e leves toques modernos.

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Vindos de Montreal, no Canadá, Heather Foster Kirkpatrick e Dylan Konrad Obront são os integrantes do Sorry Girls, um grupo-dupla que se dedica a explorar um som que virou uma espécie de obsessão indie de uns anos pra cá: aquela confluência entre os anos 1970 e 1980 que rola nas rádios adultas até hoje e que costuma ser classificada como soft rock. Ou até yacht rock, dependendo de quem fala – e dependendo também do balancinho das melodias.

Na real, muito da riqueza sonora desse tipo de som – o que explica o carisma que ele tem até hoje – vem da união de estilos altamente palatáveis, como folk, country, gospel, soul, disco music (às vezes) e afins. Volta e meia, para dar uma disfarçada, uma esquisitice: um solo mais pesado, vocais gritados, músicas de dez minutos. No terceiro disco, Dreamwalker, o Sorry Girls tenta dar a seu som o mesmo pragmatismo musical que essa turma toda tinha – e faz músicas que, se tocarem numa Antena 1, vão dar a impressão de que foram feitas em 1982 ou 1983.

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Antes vamos falar bem: o Sorry Girls une tudo isso a vibrações dream pop, quase todo o repertório é muito bem composto, produzido e arranjado, e a voz de Heather é angelical, dando realmente uma impressão de sonho – e lembrando Christine McVie na maioria das vezes. Falling down stairs une pós-disco e sons oitentistas. Quiet hands vai na veia do flashback com riff barítono de guitarra e balanço pop setentista. Ricochet lembra uma mescla de Carly Simon e Cindy Lauper.

My utopia e Holding onto me inserem um clima mais moderno no disco, com texturas aparentes e efeitos enevoados de guitarra. Enquanto Hush baby, aberta com um loop de baixo sem traste (aquele baixo “peidinho” que Pino Palladino ajudou a popularizar em discos de Phil Collins e Tears For Fears) tem a cara de Tango in the night, disco ultrapop do Fleetwod Mac de 1987. Footprints traz uma levada próxima da do The Police ao repertório, embora mais diluída.

Por outro lado, e vá lá, deixando claro que Dreamwalker vale ser ouvido: o Sorry Girls jura que se inspirou em um outro álbum do Fleetwood Mac, o experimental Tusk (1979), para escrever seu disco novo. O clima de algumas faixas realmente é parecido com uma esquina entre Tusk e Tango in the night – só que a experimentação selvagem do Fleetwood Mac naquela época quase não dá as caras aqui, e boa parte das músicas fica numa vibe tristinha que às vezes, dá uma saturada. De qualquer jeito, a fórmula buscada por várias bandas indie dos dias de hoje surge de forma bem natural aqui.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Arbutus Records
Lançamento: 13 de junho de 2025

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