Crítica
Ouvimos: The Snuts, “Millennials”
- Millennials é o terceiro disco da banda escocesa The Snuts, formada por Jack Cochrane (voz, guitarra, violão), Joe McGillveray (guitarra, vocais), Callum Wilson (baixo, vocais) e Jordan Mackay (bateria, vocais).
- É também o primeiro disco após a banda deixar a Parlophone, por onde lançaram os dois primeiros álbuns. O grupo montou seu próprio selo, Happy Artist, distribuído pela empresa The Orchard. A banda chegou a receber uma oferta da antiga gravadora, mas declinou, após atrasos da Parlophone em distribuir Burn the empire (2022), o segundo álbum.
- “Decidimos criar nosso selo depois que um antigo chefe de gravadora nos disse: ‘Não há nada pior do que um artista feliz'”, contou Cochrane no material de divulgação da Happy Artist (“artista feliz”, em português, enfim).
The Snuts foi considerado uma banda genial por muita gente com um disco que (a bem da verdade) era chato pra caceta. A estreia da banda escocesa com W.L. (2021) abriu espaço para eles em festivais, conforme a pandemia foi retrocedendo. Mas era um disco grande demais, desequilibrado demais e repleto de um indie rock britânico genérico, que investia mais em canções enjoadinhas, entremeadas por momentos mais ou menos
O cenário foi começando a mudar com o segundo disco, Burn the empire, mais politizado, equilibrado, e que fez com que os Snuts se mexessem para dar conta de sua própria carreira. Por causa da demora da Parlophone em lançar o disco, a própria banda mobilizou os fãs para cobrar a gravadora. Hoje, independentes, saem na frente com seu melhor momento no terceiro álbum, Millennials, em que exibem a cara dos Snuts como uma banda repleta de ganchos pop, batidas dançantes e sons eletrônicos.
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No terceiro disco, os Snuts são mais uma banda boa de rádio do que um grupo de rock radical, ou uma banda cheia de baladas. Principalmente são uma banda capaz de brigar num universo pop em que as pessoas curtem de Kings Of Leon a Charli XCX, ainda que para fãs de rock isso tudo aí esteja bem longe de representar algo bom. Abrindo os ouvidos, dá para curtir o som ensolarado e quase oitentista de Gloria, o pop motorik de Millionaires e Dreams, o tom quase videogame de Novastar e Butterside down, a disco punk de NPC e outras.
O fim do álbum vem em tom de pop-rock de rádio, em Wunderkind, no synth pop Deep diving e num encontro entre brit pop e emocore, Circles. Curioso que os Snuts tenham deixado para fazer seu disco mais acessível na fase mais indie da banda – em outra grande gravadora, o som do grupo seria enxergado como um pós-grunge comum, e correria o risco de ser mal produzido e mal direcionado.
Nota: 8
Gravadora: Happy Artist