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Cultura Pop

João Gordo entrevista Miranda: gibis, produções, primeiras loucuras etc

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O rock nacional se torna mais triste com a morte de Carlos Eduardo Miranda. O produtor e músico nascido em Porto Alegre (RS) saiu de cena aos 56 anos nesta quinta (22) após um mal súbito. Segundo informações do portal da RedeTV!, Miranda estava em casa, em São Paulo, com a esposa e com a filha, quando começou a sentir fortes dores na cabeça. Tudo aconteceu um dia após seu aniversário.

Miranda foi jurado de programas do SBT como Ídolos, Astros e Qual é o seu talento? Fazia o tipo do jurado bonachão e debochado, mas extremamente sincero, que falava coisas como “velho, teu som é mó Plunct-Plact-Zum. Não vai a lugar nenhum”. Foi o que o tornou mais conhecido do grande público, embora sua carreira já viesse dos anos 1980, quando tocou em bandas como Vingança de Montezuma e Urubu Rei. Depois tornou-se produtor, jornalista (na Bizz) e criador de selo independente – o Banguela, ao lado dos Titãs, que foi responsável por lançar bandas como Raimundos, Pravda e Maskavo Roots. Também esteve por trás de discos de Lobão, Skank, Gaby Amarantos, O Rappa, Móveis Coloniais de Acaju e outros.

E em 2015, Miranda deu uma excelente entrevista a ninguém menos que João Gordo, no canal do cantor do Ratos de Porão, Panelaço. Uma excelente oportunidade para quem só conhece as fases mais recentes e popularizadas da carreira do produtor.

Olha aí alguns dos melhores momentos:

– João Gordo pergunta a Miranda porque é que gaúcho é tão louco. O produtor admite que sua turma não tinha parâmetros, mas que isso foi mudando (vá direto aqui).

– João Gordo relembra a primeira vez que viu o DeFalla. “Era com duas baterias, o Edu K (cantor) de vestidinho tubinho chanel e tocando igual ao Kerry King, do Slayer…”  (vá direto aqui).

– Miranda relembra como começou seu interesse por música. A mãe tocava piano, o pai trabalhava com carros importados, “e uns carros tinham uns (toca-fitas) 8-track, daí ouvia bandas como Beach Boys”. Vizinhos ligados em samba-funk também lhe apresentaram bandas  (vá direto aqui).

– Miranda deixa o Gordo todo feliz, dando a ele uns bonecos fosforescentes do Scooby-Doo (vá direto aqui).

– João Gordo confessa que não tem acompanhado quadrinhos. Miranda diz que continua comprando. E que descobriu algo que o reaproximou dos quadrinhos. “Eu gosto de comer. Só que você vai lá, compra três baita gibis a 80, 100 contos, capa dura. Agora, você vai lá no restaurante, come, depois vai lá e caga. Acabou teu dinheiro. Eu deixo de comer um rangão assim, e compro gibi” (vá direto aqui).

– Miranda conta como inspirou o músico gaúcho Carlo Pianta a ir para o grupo Graforréia Xilarmônica. “Disse a ele: ‘Faça tudo ao contrário do que os outros fizerem'”  (vá direto aqui).

– Como Miranda virou produtor? “Nunca gostei de ensaiar, de treinar instrumento, sempre fui desafinado como cantor. O que me sobrou era cantar numa banda punk, só que eu destruí minha garganta. Ou me sobrava ser produtor. Eu gostava de criar sons. Mas queria ser o produtor que veio de outro caminho, o da piração”, confessa (vá direto aqui).

– Miranda confessa que sua primeira produção, de 1987, é a que lhe dá mais orgulho. “É o compacto do Pupilas Dilatadas”, conta, falando sobre Experience??, lançado pelo selinho Sulcos Suicidas. Depois confessa que seu desejo de produzir esbarrava num problema com sua aparência. “Como eu era cabeludo e andava todo rasgado, pensavam que eu era metaleiro” (vá direto aqui).

(link roubado do amigo José Flávio Jr)

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Relembrando: Public Image Ltd, “The flowers of romance” (1981)

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Relembrando: Public Image Ltd, "The flowers of romance" (1981)

Keith Levene, guitarrista que se dividiu em vários instrumentos nesse The flowers of romance, chegou a afirmar que o terceiro álbum de estúdio do Public Image Ltd é “provavelmente o disco mais anti-comercial já entregue a uma gravadora”. Faz sentido: The flowers mal pode ser chamado de punk ou pós-punk. Está mais para uma aventura experimental e percussiva, com músicas compostas apenas de voz e bateria (a claustrofóbica Four enclosed walls), voz, percussão, sinos e ruídos (Phenagen), voz, bateria e sons orquestrais tirados com virulência punk (a faixa-título), voz, bateria brutal e ruídos (Under the house).

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O som vai do mais assustador e climático ao mais documental, com sons ciganos e flamencos unidos a uma espécie de “música de selva”, dada pelo som da bateria e pelos vocais de John Lydon. Hymie’s him, com sintetizadores, percussões e batidas de latão, soa “industrial” anos antes de tal termo ficar famoso. Banging the door é um quase reggae que destaca o uso de sintetizadores Moog. Francis Massacre é literalmente um massacre sonoro, trazendo vocais lamentosos, batidas tribais e sons de guerra. A associação com a música e o imaginário hispânico surgem já na capa, que traz Jeannette Lee, empresária, gerente e melhor amiga da banda (e hoje sócia da gravadora Rough Trade), com uma flor na boca, e ameaçando o fotógrafo (e o/a ouvinte do disco) com um pilão.

Curiosamente, mesmo sendo um disco tão anti-pop, The flowers of romance (o nome é o mesmo de uma banda cata-corno punk que surgiu antes dos Pistols, e da qual Keith Levene e Sid Vicious fizeram parte) acabou tendo lá suas dimensões pop. O som da bateria já foi elogiado por Phil Collins (que trabalhou depois com o produtor do disco, Nick Launay), e soa quase como se tivesse sido produzido para cinema, e não para um álbum.

Esse som cinematográfico não rolou por acaso. A turma do PiL (na época, os inimigos íntimos Lydon e Levene, mais o baterista Martin Atkins) aproveitou todos os recursos de um novo brinquedo do empresário Richard Branson: o estúdio The Manor, literalmente um estúdio de ponta construído numa mansão histórica. Antes de começar, foram sete dias (de um total de dez dias agendados) “curtindo” um bloqueio de compositor que travou toda a banda. Jah Wobble, baixista do PiL e sujeito cheio de ideias, saiu pouco antes da gravação, o que piorou um pouco as coisas – por acaso, só duas faixas de Flowers (Track 8 e Banging the door têm o instrumento.

The flowers of romance marcou um período de bons investimentos na banda ainda que não vendessem tanto – 1983 foi inclusive o ano do duplo Live in Tokyo, gravado no Japão, e que rendeu até um homevideo, mania da época. Daí para a frente, era o PiL virando algo mais próximo daquele som que pode até tocar no rádio, mas assusta. E muito.

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Relembrando: Vários, “O espigão – trilha sonora nacional” (1974)

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Relembrando: Vários, "O espigão - trilha sonora nacional" (1974)

Até os dez primeiros capítulos (que foi até onde assisti), O Espigão, novela das 22h exibida pela Rede Globo em 1974, e escrita por Dias Gomes, tem ritmo de série bem construída e passagens que lembram Os Simpsons. Por sinal, com a chance de cada personagem ali conseguir ser o Homer por alguns minutos, ou por alguns capítulos. Os três primeiros capítulos são tomados por um cavernoso engarrafamento no Túnel Novo – que divide Botafogo e Copacabana, na Zona Sul carioca – no último dia de 1972. Hoje dá para ver tudo no Globoplay, que resgatou a trama.

No túnel, os personagens vão aparecendo para, mais do que construir a história, dar uma baita sensação de caos. Isso porque parece que quase ninguém ali costuma ser ouvido ou enxergado de verdade. No caso do trio de bandidos interpretado por Betty Faria, Ruy Resende e Milton Gonçalves, nem eles conseguem enxergar sua própria falta de talento para roubar os outros, mas isso é apenas um detalhe.

Para quem passou a vida ouvindo as trilhas sonoras de O Espigão, a nacional e a internacional, lançadas pela Som Livre naquele mesmo ano, o mais legal é ver a utilização nos capítulos das faixas da trilha nacional (um perfeito disco pop-rock-MPB). Pela cidade, tema instrumental e quase progressivo do Azymuth, surge na primeira cena, com o assombrado Léo (Claudio Marzo) chegando de navio de Sergipe, passando pela Baía de Guanabara. Nessa hora, destaque para o estranho cromaqui marítimo e para as imagens das barcas Rio-Niterói em alto-mar.

Retrato 3×4, primeiro quase-hit de Alceu Valença, e segunda ou terceira tentativa de sucesso do cantor, antes da fama, surge nas cenas do assalto frustrado do trio de bandidos. Versos como “rasgue meu retrato 3×4/porque eles vão pintar o sete com você” dão a sensação de que a turma formada por Lazinha (Betty), Nonô (Milton) e Dico (Ruy) é bem mais robin hoodiana do que pode parecer. Na sombra da amendoeira, de Sá & Guarabyra, na voz do grupo niteroiense Os Lobos, dá vontade de visitar o tal casarão antigo que é, de fato, o tema da novela.

Alfazema, tema folk do hoje astrólogo Carlos Walker, surge inicialmente numa cena de total lesação e abandono na cidade grande (por sinal no fim da Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, Zona Sul do Rio, bem antes do excesso de bares e carros). Já o tema de abertura, o hard rock orquestral O espigão, de Zé Rodrix, vem da transição entre os álbuns I acto (1973) e Quem sabe sabe, quem não sabe não precisa saber (1974), os dois primeiros do cantor – que geraram um show apresentado no Rio em março de 1974, ao lado da banda Agência de Mágicos.

O repertório da trilha de O espigão ainda inclui um excelente e hoje cancelável samba-rock (Malandragem dela, de Tom & Dito, que tocou muito no rádio na época), uma música que surge como protesto à gentrificação no Rio, mas que tem mais a ver com a poluição em São Paulo (Botaram tanta fumaça, de Tom Zé), um tema clássico composto por Tuca (Berceuse), um samba antirracista com letra de Nei Lopes (Você vai ter que me aturar, com Sônia Santos) e um sambão triste composto e cantado por Benito di Paula (Último andar).

O espigão fez tanto sucesso que a trilha nacional voltou às lojas várias vezes. Volta e meia dá para achar um vinil a preço barato em loja de usados, mas o álbum foi relançado em CD na série Som Livre Masters, com remasterização comandada por Charles Gavin. Hoje é um caso raro de trilha de novela nacional dos anos 1970 que pode ser vista e ouvida.

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No nosso podcast, os primeiros anos do Soft Cell

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No nosso podcast, os primeiros anos do Soft Cell

O Soft Cell tá vindo aí pela primeira vez. A dupla de Marc Almond e Dave Ball se apresenta no Brasil em maio, e vai trazer – claro – seu principal hit, Tainted love. Uma música que marcou os anos 1980 e vem marcando todas as décadas desde então, e que deu ao Soft Cell um conceito todo próprio – mesmo não sendo (você deve saber) uma canção autoral. Era um dos destaques de seu álbum de estreia, Non stop erotic cabaret (1981), um dos grandes discos da história do synth pop.

No nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, voltamos lá no comecinho do Soft Cell, mostramos a relação da dupla com uma das cidades mais fervilhantes da Inglaterra (Leeds) e damos uma olhada no que é que está impresso no DNA musical dos dois – uma receita que une David Bowie, T Rex, filmes de terror, Kenneth Anger, sadomasoquismo e vários outros elementos.

Século 21 no podcast: Red Cell e Noporn.

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts. 

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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