Cultura Pop
Mas quem são Tony Lopes & Os Sobreviventes?
O músico baiano Tony Lopes foi fazer diversas outras coisas após o fim de sua banda Os Sobreviventes, que montou no começo dos anos 1990. Formou outros grupos, foi integrante de outros tantos, escreveu letras para vários parceiros e montou duas lojas de discos. Mas o disco único de Tony & Os Sobreviventes, De quem é a culpa? (1991), ainda lhe tirava o sono de vez em quando. Para realizar o LP, pouquíssimo divulgado e feito à própria custa, Tony se dedicou bastante. Gastou muitas horas de estúdio e chegou a vender um Chevette para pagar os trabalhos – pouco antes disso, tinha sofrido um acidente de carro que lhe custou a visão de um olho.
“Não ganhei dinheiro com o disco, mas também não perdi. Ele não circulou como eu gostaria e nem me fez um letrista requisitado. Mas é real. Faz parte da história, coisa que muitos poucos fizeram aqui pela Bahia”, recorda Tony, ainda hoje trabalhando com música.
Recentemente, Tony jogou De quem é a culpa? nas plataformas digitais. Anunciou o relançamento em fevereiro com um textinho no Facebook (confira abaixo), em que relembrava as críticas ruins que o disco recebeu (uma delas da Veja) e acusou o calcanhar de aquiles apontado por muita gente, que era sua voz.
“Eu nunca cantei, só queria mostrar minhas músicas e letras. Sempre deixei isso bem claro, mas falar das coisas ruins é sempre mais fascinante”, justifica Tony, que lançou no disco composições como a balada sadomasoquista A tua mulher, o reggae-blues Mãe da bomba, a balada Nenhum de nós e o rock tipicamente oitentista (com violões corridos a la Smiths e The Cure) Brinco. Nas letras, influências de Marcelo Nova, Walter Franco, Roberto e Erasmo Carlos, além de poetas concretistas.
“No disco tem várias composições, tanto música como letra, que são minhas e que tiveram um pequeno help dos amigos. Não reconheço uma única nota musical, quando compus estava aprendendo a tocar violão. Não levei adiante mas com uns dois ou três acordes compus bastante”, conta.
Tony ainda tem LPs originais para vender (ofereceu um até para o POP FANTASMA) e nunca viu seu disco lançado em CD. Nem pretende relançá-lo no disco prateado e vai deixar o álbum apenas no formato digital. Em 1991, o vinil ainda era um suporte popular no Brasil, não havia muitos CDs independentes e um lançamento em LP estava de bom tamanho.
No álbum, Tony compõe, canta e faz a produção ao lado do amigo Eduardo Luedy. Apesar de originalmente ser baterista, Tony preferiu substituir o instrumento no LP por batidas programadas. Por que? “Eu era um baterista ruim, e naquele momento era o cantor”, conta.
“Nas demos, em gravadores de quatro canais e em gravações caseiras, era mais fácil usar as eletrônicas. Eram bem simples na época, daí não foi difícil de decidir mantê-las na gravação final. E também tinha o lance dos custos e o pouco tempo disponível no estúdio. Usamos uma percussão de verdade em uma das músicas, o reggae Carnaval. Foi feita por uma grande músico chamado Ivan Huol”, complementa. “O disco foi gravado e mixado em dez períodos de quatro horas no estúdio Livre, que ficava no bairro da Liberdade. Às vezes o tempo passava um pouco, o Filipe Cavalieri (engenheiro de gravação) fez o possível para nos ajudar”.
GUERRA FRIA. Bem antes de De quem é a culpa?, Tony sonhava em ser músico. Mas só foi querer fazer música passada a adolescência, aos 19/20 anos, dez anos antes do disco.
“Inicialmente queria ser apenas letrista, mas com o tempo resolvi aprender a tocar um instrumento e escolhi a bateria por considerar que seria mais fácil. E me enganei. Até hoje toco e ainda não aprendi”, afirma. Tony teve uma banda chamada Dúvida Externa e seria um dos vocalistas, mas foi impedido pela própria timidez. Logo depois montou o Guerra Fria, em que dividia o palco com o irmão André Luiz, no vocal. A banda só durou um ensaio e fechou com uma nota trágica: a morte de André aos 23 anos em um acidente de moto.
“Já vinha escrevendo as letras, mas com o fim do Guerra Fria fiquei sem o suporte e a garantia necessários para me considerar um letrista. Nunca tive muitos amigos e a minha baixa estima me impedia de correr atrás do meu sonho”, conta o músico, que hoje voltou a compor com o guitarrista Jorge Afonso, com quem dividiu a banda.
Luedy, co-produtor do disco, apareceria na história em 1989, quando Lopes gravava umas canções suas num estúdio e precisou de mais um gravadorzinho para terminar uns trabalhos. “Eu tinha em casa um gravador de quatro pistas, uma Tascam porta-one, que gravava em fita cassete”, lembra Luedy.
Eduardo Luedy foi levar o gravadorzinho (“acho que eu fui apenas de farra, porque não tinha necessidade de eu estar junto”, recorda), gostou das músicas de Tony e acabou ficando amigo dele. Antes, tinha tocado numa banda chamada Flores do Mal, que volta e meia é citada entre as bandas mais significativas do underground de Salvador nos anos 1980. O que não foi exatamente garantia de sucesso. “A gente circulava por entre a cena roqueira da época – que era muito pequena, se pensarmos que a gente transitava por uma parte da cidade apenas”, recorda Luedy. “Tocamos em peças de teatro, participamos de festivais, tocávamos onde podíamos tocar. A gente nunca ganhou dinheiro com o nosso trabalho”.
No rock soteropolitano dos anos 1980, quem fez sucesso mesmo foi o Camisa de Vênus, que Tony acompanhou bastante, indo a todos os shows (“sempre preferi ouvir música em português e o Marcelo Nova era o Messias que me guiaria pela estrada do rock”, recorda).
Não era tanto a praia de Luedy. “A música do Flores do Mal era muito MPB para o gosto da época”, diz. “Na época, o roque no Brasil já acontecia muito a partir de São Paulo e Rio de Janeiro. E o próprio Camisa não ficou aqui, eles se mandaram logo para São Paulo. Acho que na Bahia a gente não tinha nem a estrutura de casas de shows, bares etc e nem um público tão amplo que pudesse sustentar um circuito daquela música. Não sei, estou pensando alto aqui”.
SOBREVIVENDO. Na época de De quem é a culpa?, Tony fazia museologia na UFBA, vivia com os pais e fazia bicos. Dentre os empregos que aceitou para manter as contas em dia, estava o trabalho numa rádio AM. “Eu fazia desde programas sertanejos nas madrugadas até programas para donas de casa à tarde”, conta. Já tinha uma relação com Fátima, que se tornaria sua mulher e mãe de seus filhos Jimy, Tom (estes, gêmeos) e Vicky.
Na hora de arrumar um estúdio para colocar no vinil todo o material que guardava havia alguns anos, Tony deparou com uma questão básica: além do alto custo, Salvador tinha poucos estúdios (“somente dois ou três”, diz). O orçamento para a gravação veio da tal venda do carro. A prensagem foi feita com a ajuda da família e de cupons de pré-venda. Um outro fator que facilitou foi a chegada de amigos que quiseram trampar de graça, incluindo um ex-Flores do Mal, Heyder Carvalho, e dois ex-Guerra Fria, Jorge Afonso e Marcelo Fraga.
“Eu cheguei a colaborar financeiramente, mas bem pouco”, lembra Luedy. “Tivemos um tempo longo de pré-produção, a gente gravou tudo antes no meu porta-studio tascam. Todos os arranjos, todas as programações de bateria foram feitas nessa fase. Eu programei muita coisa sozinho, outras com ajuda dos nossos amigos músicos. Toquei baixo e um monte de violões. Eu adoro esse disco, dei o melhor de mim ali”.
As tais baterias eletrônicas às quais Tony Lopes recorreu causaram certa tristeza nele e nos músicos durante as gravações. Mas no palco, tudo deu certo. “Quando começamos a fazer shows, passamos a utilizar bateria de verdade e aí dava pra ver como as músicas ganhavam força. Mas sem arrependimentos. Acho que elas hoje fazem com que o som soe mais atual”, conta Tony. Fora isso, o efeito expectativa versus realidade não bateu muito na equipe do disco: a ideia era terminar tudo o mais rápido possível e a turma já tinha várias demos.
GOLFINHOS MORTOS. A capa de De quem é a culpa? traz – você viu lá em cima – uma imagem forte, clicada por Xando Pereira, que mostrava um grupo de golfinhos mortos numa praia da Bahia. Mesmo em se tratando de um LP de distribuição restrita, a capa do álbum gerou polêmica. “Fui duramente criticado na época por acharem que fiz uso indevido da causa ambiental, já que no disco nenhuma letra abordava o tema”, lembra Tony. E poderia ter gerado ainda mais polêmica. Pelo menos na família do cantor.
“No projeto original, eu queria usar uma imagem de crucificação de Cristo. Quando falei para minha família da ideia, todos foram contra, apesar da minha família ser espírita. Mas encontrei a foto de Xando, dos golfinhos, e acredite que ali eu conseguia ver a imagem da crucificação”, recorda Tony Lopes. “Antes disso um artista carioca chamado Ronaldo Torquato chegou a fazer um projeto de capa, mas era muito complexo e caro de fazer”. Tony conseguiu vender boa parte dos discos e pagou os custos.
CREIA. Hoje em dia, se você quiser bater um papo com Tony ou ver se ele tem uma cópia estalando de nova de De quem é a culpa? para vender, é só procurá-lo no Bardos Bardos, a Casa das Trincas, localizado no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. É uma espécie de bar/loja de discos com agenda de shows, capitaneado por ele, por Wilson PDM e por outra lenda do rock baiano, Rogério Big Bross, dono do selo Big Bross Records.
Tony também está escrevendo um livro de causos sobre a vida do amigo Big Bross, que terá um formato mais próximo de um almanaque do que de uma biografia comum (“será uma BigOgrafia”, brinca). O Guerra Fria retorna em breve com músicas do repertório oitentista da banda, e algumas inéditas – uma delas, em homenagem ao radialista e apresentador de TV baiano Waldir Serrão, um dos primeiros parças profissionais de Raul Seixas. Entre um e outro projeto, promoveu modificações também em si próprio. Adotou a palavra “creia” como lema para projetos, e-mails, mensagens a amigos e até finalizações de textos do Facebook. Tatuou a palavra no braço esquerdo. “Um pouco de fé em mim mesmo já que nunca botei muita fé em mim. Tudo isso depois dos 50”, conta.
Após De quem é a culpa?, Tony tocou em bandas como Tara Code (que conseguiu projeção no underground baiano dos anos 1990), Koyotes (banda do artista plástico Miguel Cordeiro, co-autor de Simca Chambord, do Camisa de Vênus) e Professor Doidão E Os Aloprados. Lançou também o disco Pequenos milagres de um santo barroco de barro, sob o pseudônimo ReverendoT, e escreveu o livro Blasfêmias & orações.
“Tenho também algumas bandas virtuais como Os Elefantes Elegantes, tristes azuis e KortKoyds, nas quais produzo usando o garage band. Quase tudo com letras e músicas minhas”, conta. “Como posto quase diariamente o que escrevo nas redes, sempre pinta alguém que gosta e faz a música. Adoro quando isso acontece, porque geralmente essa não seria uma prioridade pra mim. Mas gosto dessa urgência, de sempre estar tentando algo, fazendo diferente”.
Luedy, depois do álbum, tornou-se professor universitário de música e trabalhou até em um disco do sambista baiano Riachão. Ele lembra que após a iniciativa dele e de Tony, o cenário roqueiro da Bahia foi “se tornando aquilo que o Capital Inicial se tornou”, como recorda. “Lembro que a galera que curtia rock e que circulava nos eventos e festas e shows de rock das bandas daqui, via com maus olhos o surgimento do mangue beat… Eles achavam que o rock não podia se misturar. Bem, estou generalizando, mas eu via isso como um sinal muito evidente de que o rock estava se encaretando. E isso desde essa época daí, desde os anos 90”.
Tony resolveu reeditar De quem é a culpa? nas plataformas quando trabalhava no retorno do Guerra Fria e decidiu que estava na hora de revirar mesmo o baú. A versão que está no ar foi remasterizada por Luedy em 2004 e inclui a versão demo de Brinco. O músico gostou de como o disco soou no Spotify e em outros serviços de streaming, e decidiu investir.
“Hoje eu acho De quem é a culpa? bem melhor que na época. Não sou perfeccionista, gosto de quantidade, produzir muito, escrever muito e continuo assim. É bom quando alguém ouve e curte a nossa música, mas isso independe da quantidade de pessoas. Não sou nenhum gênio, mas fiz boas canções. Elas estão aí vivas e prensadas num vinil, e como um colecionador, que sou, eu sei como isso é importante e nos satisfaz”, alegra-se Tony. Mais algum recado? “Let’s go, creia”, diz, fechando uma das mensagens que trocamos.
Crítica
Ouvimos: Bad Bunny, “Debí tirar más fotos”
Benito Antonio Martinez Ocasio, o popular Bad Bunny, não veio ao mundo pop a passeio. Debí tirar más fotos, seu novo disco, é um passeio pela musicalidade e pela identidade portorriquenhas – e esfrega na cara do mercado fonográfico que ele não tem nenhuma vontade de soar mais “americano” (estadunidense, enfim) para bombar nas paradas.
Já era uma prerrogativa de Bad Bunny desde os primeiros tempos, até porque ele é um dos nomes mais conhecidos do rap de idioma hispânico, mas Debí, mergulhado no reggaeton e em sons caribenhos, é um disco de memórias e sensações. Nuevayol, uma referência à pronúncia hispânica de “Nova York”, traz BB requerendo sua posição de rei do pop, e homenageando a comunidade latina que vive na megalópole. Baile inolvidable, que parece uma trilha sonora, cita as diversões calientes de Porto Rico e traz alunos da Escuela Libre de Música Ernesto Ramos Antonini, de San Juan, tocando salsa. Weltita tem cara de samba-rap e narra uma proposta de date praiano, com as falas do homem (Bunny) e da mulher (Lóren, da banda portorriquenha Chuwi) na história.
Com duração de mais de uma hora, Debí soa irregular em alguns momentos, mas compensa no storytelling (cabendo momentos em que o discurso de Bad Bunny é interrompido para uma mudança rítmica ou a entrada de uma gravação) e na variedade. E em especial no lado mobilizado, definido pelo próprio Bad Bunny como sendo “uma carta a Porto Rico”. A bebaça e doidaralhaça Cafe com ron é pura variação rítmica, cabendo pelo menos três estilos caribenhos, e no fim, um house cubano.
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La mudanza é orgulho portorriquenho purinho (“fala pra ele que essa é a minha casa, onde nasceu minha avó/daqui ninguém me tira, eu não saio daqui”), com letra falada no início e destaque para a percussão (que ganha alguns segundos só dela no final). Lo que le paso a Hawaii é som marolado e cigano, com vocal grave, e letra pregando que não quer que Porto Rico torne-se mais dominada ainda pelos Estados Unidos. A romântica e praguejadora Bokete (que traz encartado na letra um protesto bizarríssimo contra os buracos nas ruas de Porto Rico) abre em clima meio psicodélico, graças a uma gravação de guitarra ao contrário, como num sampling invertido. Não falta diversão em Debi tirar más fotos, e não falta raiz musical.
No lado mais descontraído e menos mobilizado das letras, Debí é um disco que aponta para dois lados, er, complementares. Ou Bad Bunny encarna o fodão que apronta todas nas boates e ganha as gatas, ou ele está chorando pelos cantos – geralmente de arrependimento por alguma merda que fez. El club abre em clima de trap, falando de boates, mulherada, drogas, bebedeira, até que… “mas o que minha ex está fazendo?’. “Os caras acham que estou feliz/mas não, estou morto por dentro/a discoteca está cheia e ao mesmo tempo, vazia/porque meu bebê não está lá”, choraminga.
Se você acha que parou por aí, tem mais. Pitorro de coco, repleta de violões ciganos (e cujo título faz referência a um drinque popular em Porto Rico), é dor de corno etílica das boas. Turista, cheia de cordas e sons acústicos, é… Bom, haja sofrimento: “na minha vida você era turista/você só viu o melhor de mim e não o que eu sofri/você foi embora sem saber o motivo das minhas feridas” – embora o rapper esclareça que a letra fala também dos turistas que vão à Porto Rico e saem de lá sem conhecer os problemas locais. E tem a quase faixa-título, DTMF, um reggaeton que vira algo parecido com funk carioca logo depois, e que traz Bad Bunny chorando pitangas pelo leite derramado (é a do verso-meme “devia ter tirado mais fotos quando tinha você/devia ter te dado mais beijos e abraços quando pude”).
Nota: 8,5
Gravadora: Rimas.|
Lançamento: 5 de janeiro de 2025.
Cultura Pop
No nosso podcast, o recomeço de John Lennon entre 1969 e 1970
No começo de sua carreira solo, John Lennon era um artista brigão, politizado, dado a excessos, que estava de cara virada para seus ex-colegas de Beatles, e que havia encontrado um pouco de paz em seu relacionamento com a artista asiática Yoko Ono. Em meio a isso, alternava protestos, álbuns experimentais (ambos feitos com a nova esposa) e seus primeiros singles, com músicas guerrilheiras como Cold turkey e Instant karma!
Entre 1969 e 1970, parecia que acontecia de tudo na vida dos Beatles. E por tabela, na vida de John, que vivia um dia a dia de brigas, entrevistas malcriadas, gravações novas, ameaça de falência, problemas no novo casamento e um processo de autodescoberta que aconteceu depois que um certo livro apareceu na sua caixa de correio… A gente termina a temporada de 2024 do nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, recordando tudo que andava rolando pelo caminho de Lennon nessa época. Termine de ouvir e ataque a super edição turbinada de John Lennon/Plastic Ono Band (1970) que chegou às plataformas em 2020. E, ei, não esqueça de escutar Yoko Ono/Plastic Ono Band, que saiu junto do disco de John.
Século 21 no podcast: Juanita Stein e Caxtrinho.
Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify e no Deezer .
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
(temos dois episódios do Pop Fantasma Documento sobre Beatles aqui e aqui).
Crítica
Ouvimos: The Cure, “Songs of a lost world + Songs of a live world: Live Troxy London MMXIV” (ao vivo)
Sério que Songs of a lost world, álbum novo do The Cure, já ganhou rapidamente uma edição deluxe com um registro ao vivo de todas as faixas do álbum? Sim, ganhou essa edição acrescida do rabicho Songs of a live world: Live Troxy London MMXIV. Até porque se o disco já fez bastante sucesso, a noite de lançamento do álbum foi inesquecível – com um show da banda em 1º de novembro no Troxy London, tocando todo o repertório do começo ao fim, além de vários hits. E é justamente o repertório do disco executado nessa noite, ao vivo, que surge como “disco 2” do álbum.
O Cure, redescoberto por novas gerações e por uma turma que não necessariamente é fã deles, mas curte os hits e gosta de curtir uma fossa, meio que vai tentando dar uma de U2: além de oferecer mais um mimo para os fãs, a banda vai doar todos os royalties deste lançamento para a instituição de caridade War Child. Na loja online do grupo existe um hotsite (ainda se usa esse termo?) só para as diferentes versões de Songs of a live world e para duas edições diferentes em vinil vermelho de Songs of a lost world: uma deles apenas com o disco original, e outra em formato duplo, trazendo as músicas em versões instrumentais no disco 2 (reparem bem: Songs tem músicas em que o vocal começa quase no fim da faixa, e que já são quase instrumentais, mas aí vai quem quer).
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- Resenhamos Songs of a lost world aqui.
O show inteiro daquela noite possivelmente você já viu no YouTube (se não viu, veja lá embaixo deste texto). E possivelmente você ficou impressionado/a como o The Cure voltou disposto a se transformar num espetáculo. Só que sem as presepadas do Coldplay e sem os truques de mágica do U2: é só a banda, num cenário escuro e esfumaçado, com muito peso e imponência visual e auditiva. As músicas do álbum transportadas para o “ao vivo” soam um pouco mais humanizadas, especialmente no caso de canções que, no disco, eram torrentes de ruído, como Warsong e Alone.
And nothing is forever destaca a magia dos teclados que, rearranjados, poderiam estar até num disco do Péricles – esse lado popularzão sem deixar de ser “dark” sempre foi uma das grandes forças do Cure. A ambiência do Troxy deixou músicas como I can never say goodbye (feita por Robert com o pensamento na morte de seu irmão mais velho Richard) e Endsong bem menos robóticas e desprovidas de qualquer traço de frieza. Se o disco novo do Cure é triste, a contrapartida ao vivo é a prova de que o show é feito para fãs que curtem chorar baldes ouvindo música. E tá tudo bem.
Nota: 9
Gravadora: Fiction/Polydor
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