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London Weekend Show: o punk em 1976

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O levante punk aconteceu em 1977. Mas olha aí por onde ele andava em 1976, quando os Sex Pistols ainda eram novidade, e ainda tinham Glen Matlock como baixista. Ele era uma novíssima tendência que arrotava “independência”, com zines como Punk e Sniffin’ glue passando de mão em mão. E que vinha com som, visual e séquito de fãs próprios.

O programa London weekend show mostrava o novo gênero em sua edição de 28 de novembro de 1976, aos 36 minutos do segundo tempo para o punk virar palavra de ordem. Possivelmente é a primeira vez que a turma dos alfinetes foi coberta pela mídia televisiva britânica, com entrevistas com Sex Pistols, The Clash, Siouxsie, Steve Severin (que aparece creditado como Steve Spunker) e outros.

Para mostrar um pouco da experiência do punk, o programa acompanhou um show dos Sex Pistols em Leicester. Logo no começo, você confere uma versão absurdamente glam de Pretty vacant, dos Pistols, com os backing vocals do refrão vários tons acima. Destaque para o público – predominantemente masculino – portando jaquetas rasgadas, cabelos azuis e dançando pogo.

“O visual dos fãs parece tão devastador quanto sua música”, diz a narração. Entre os depoimentos de fãs, um punk jura que viu The song remains the same, filme do Led Zeppelin recém-lançado por aqueles tempos, e pegou no sono.

A reportagem do London weekend show é bem interessante, vale dizer, e se sustenta como documento até hoje. A equipe do programa faz um passeio no rock desde os anos 1950 e tenta descobrir porque é que os Pistols e o punk faziam tanto sucesso e pareciam tão ultrajantes. Mostra que as bandas no começo eram bem mais próximas dos fãs e “tocavam por um preço que eles poderiam pagar”. Ao analisar o mainstream roqueiro da época, localiza fatores complicadores no excesso de idolatria e no preço dos ingressos, além do fato de a música ter se tornado mais complicada para candidatos a roqueiros. Como reação, teriam surgido cenas como a do pub rock – nesse momento, surge um clipe do Dr. Feelgood, maior expoente do estilo.

Os papos com os roqueiros são atrações à parte, com os Sex Pistols esbanjando má vontade num camarim de show (Johnny Rotten, ou John Lydon, jura que não segue modelos de cantores e que “não tenho heróis, eles são inúteis”); Ron Watts, do 100 Club, diz que gostou dos Pistols porque eles conseguiam “aborrecer toda a plateia ou metade dela”. Uma fofíssima Siouxsie lembra que fez uma data com sua banda no 100 Club e quase abre um sorriso para falar “Siouxsie and The Banshees” . E apresenta Sid Vicious como seu baterista.

Pega aí. De nada.

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