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Dez fatos bem estranhos sobre Father John Misty

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Dez fatos bem estranhos sobre Father John Misty

Ex-baterista dos Fleet Foxes (e ex-integrante de bandas como Saxon Shore e Har Man Superstar), o americano Josh Tillman tem carreira solo desde 2003 com seu nome verdadeiro. A partir de 2012, passou a gravar usando o nome Father John Misty e o disco mais recente, “Pure comedy”, saiu em 23 de janeiro. A ideia da mudança de nome veio, segundo o próprio, por causa de uma viagem de LSD – que lhe revelou que deveria mudar o nome para reiniciar sua carreira – e pela noção de que deveria soltar “seu senso de humor absurdo” nos próximos discos.

Curiosamente, foi a partir daí que Father John Misty, um cantor ligado ao indie rock e ao folk, teve mudanças definitivas em sua carreira. Causou em festivais de música (veja sobre isso mais abaixo), passou a dar entrevistas em que o repórter não sabia se estava sendo ironizado ou não pelo entrevistado e virou parceiro de um pessoal bastante inusitado – tocou bateria em “Diamond heart”, do novo disco de Lady Gaga, “Joanne”, e co-escreveu com ela, no mesmo disco “Sinner’s prayer” e “Come to mama”. Em “Lemonade”, disco mais recente de Beyoncé, co-escreveu o hit “Hold up”. Se você ainda não descobriu Misty e não escutou o disco novo – que está ajudando a fazer o selo SubPop, responsável por seu lançamento nos EUA, a bombar novamente – confira aí dez fatos sobre ele e o álbum.

O SENHOR É O PASTOR DELE. Criado na igreja evangélica em Rockford, Maryland, Tillman teve educação religiosa rígida e chegou a pensar em ser pastor, quando bem criança. “Cresci com adultos psicóticos me falando que eu estava cheio de pecado, que minhas experiências não importavam, e que eu morreria antes de chegar à idade adulta porque estávamos vivendo nos tempos finais. Decidi, ainda criança, não deixar ninguém me falar que eu era inválido ou que não era autêntico”, contou ao site Pitchfork, dizendo que sua infância foi permeada por “cultos Pentecostais, messianismo, judiaísmo, merda de demônio”.

AMOR É TUDO. Antes de “Pure comedy”, Misty tinha ganhado destaque com o segundo disco, “I love you, honeybear”, de 2015, definido como uma espécie de disco conceitual sobre si próprio – incluídos aí detalhes sobre seu casamento (com Emma Elizabeth Tillman). “Holy shit”, uma das canções, foi composta no dia exato de seu casamento, que dura até hoje, por sinal. Outra das faixas se chamava “The night Josh Tillman came to our apt”. “Ficava acordado até tarde de noite escrevendo pensatas que estavam surgindo para o disco, porque o que eu incluí nele foram aspectos repugnantes do que rola na psique masculina quando lidamos com intimidade”, disse à Pitchfork.

PARCERIA COM BEYONCÉ. A relação com a cantora pop começou por e-mail, quando um amigo de Misty mostrou uma música sua para ela. A cantora lhe escreveu e propôs a parceria, e o resto todo foi completado pela web, quando da elaboração de “Hold up”. “Me mandaram apenas a batida e o riff. Escrevi aquele primeiro verso e a parte do ‘jealous and crazy’. Depois de gravarmos aquilo eu pensei: ‘A gente não pode enviar isso. É ridículo’. Não podia. A minha voz não… não cabia a mim vender aquela canção”, contou à rádio Beats 1.

O QUE TÁ ACONTECENDO? Em 22 de julho de 2016, quando o material de “Pure comedy” já estava gravado (o disco foi registrado inteiramente em março do ano passado), Misty protagonizou um momento… bom, “inusitado” é um modo de descrevê-lo. Listado para o XPoNential Music Festival, em Camden, Nova Jersey, ele deveria fazer 50 minutos de show. Optou por largar a guitarra, iniciar sua performance com um “que porra está acontecendo aqui?” e fazer um discurso sobre “como os jogos de papel do entretenimento entorpecem as pessoas” e “como a estupidez regula o mundo”. Saiu do palco com vinte minutos de show, após tocar um tema improvisado e, depois, uma versão de “Bird on the wire”, de Leonard Cohen. E ainda foi aplaudido.

ZOAÇÃO. “Como os esquimós têm 12 palavras para ‘neve’, eu sinto que tenho 12 palavras para ‘engraçado’ em minha mente”, diz Tillman. O disco novo segue nessa linha irônica em músicas como “Total entertainment forever”, que abre com o cantor falando que faz amor todas as noites com Taylor Swift usando um “Oculus Rift” (usado para experiências em realidade virtual). “When the God of Love returns there’ll be hell to pay”, é, segundo ele relatou num papo com a rádio KEXP, de Seattle, uma música sobre o fato de que passamos mais tempo falando sobre o que não acreditamos do que sobre as coisas nas quais cremos. A quilométrica “Pure comedy” é cheia de lembranças pessoais sobre religião, crescimento e capitalismo selvagem (“eles fazem fortunas envenenando sua prole/e dão prêmios para quem patenteia a cura”).

PERAÍ, TAYLOR SWIFT? Misty diz que a música é apenas sobre tecnologia, e que ele não quis escrever nada sobre fazer sexo com Taylor Swift – o nome dela entrou apenas porque era uma boa rima e porque, ora bolas, dava uma boa polêmica à música. “É uma música sobre progresso, sobre essa coisa da internet ser supostamente a nova democracia, uma utopia de informação onde todo mundo tem sua voz e estamos todos interconectados, e experimentaremos a democracia verdadeira. E isso se transformou na pornografia, que vem como um ultraje”, disse ao New Musical Express.

ROCK, DEPRESSÃO E LSD. Por causa do isolamento que viveu na infância e na adolescência, o músico diz só ter ouvido Beatles aos 18 anos. Foi diagnosticado com depressão e ansiedade e disse ao New York Times se medicar com doses diárias de LSD. Disse ter sido rejeitado pela família ao largar a religião e ter tido uma enorme depressão ao se mudar, aos 20 anos, para Seattle, onde se virou em pequenos empregos para se sustentar. “Eu estava realmente sozinho: sem família, sem igreja”. Por causa dessa e de outras razões, ele afirma que “Pure comedy” é “um disco gospel secular”.

NÃO E PONTO. Na mesma entrevista ao New York Times, Misty disse que os trabalhos com Beyoncé e Lady Gaga abriram portas e renderam mais convites. Recusou todos. “As pessoas pensam que o mundo da música é enorme. Não é. É tão chato, a forma como a música é concebida e depois jogada para consumo público. E a máquina de música pop é categoricamente anti-mulher. Conheço muitas mulheres naquela indústria. Foram todas lançadas numa narrativa americana de que sucesso é igual à liberdade. E não é nada disso”.

ESTRANHO. Com 250 mil discos vendidos num selo independente, tem quem já se pergunte quando é que Misty vai para uma gravadora maior. “Mais uma vez, a assinatura de uma grande gravadora significa que você desiste da liberdade”, contou à Rolling Stone, afirmando que também foi convidado para fazer um teste para a segunda temporada da série “Stranger things”, e recusou. “Não queria esse nível de exposição. Não quero ser famoso na TV”, conta.

DOIDÃO. O tal papo com a Rolling Stone foi feito sob o efeito de LSD, muito embora a tal auto-medicação com ácido que Misty diz fazer seja realizada com pequenas doses, diluídas. Também tomou antes de sua aparição no Saturday Night Live. “Não estou permanentemente em uma viagem psicodélica”, diz, garantindo que não tem medo de ferrar seu próprio cérebro, como Syd Barrett. “No caso deles, o perigo real era na primeira vez que você o toma. Pode exacerbar condições preexistentes, como a esquizofrenia. Eu não estou pronto para desistir. Acho que viver é apenas um risco. Nos próximos anos, vamos começar a ver os efeitos a longo prazo dos telefones celulares”, disse.

https://www.youtube.com/watch?v=XoLXrIi1mpU

 

E se você nunca ouviu “Pure comedy”, seus problemas terminaram.

Ricardo Schott é jornalista, radialista, editor e principal colaborador do POP FANTASMA.

Cultura Pop

Quando Suicide gravou… “Born in the USA”, do Bruce Springsteen

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Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

A way of life, disco de 1988 da dupla de música eletrônica Suicide, é tido como um disco, er, acessível. Acessível à moda de Martin Rev e Alan Vega, claro. O disco pelo menos podia ser colocado tranquilamente na prateleira dos artífices da darkwave e era bem mais audível do que o comum de um grupo que havia lançado a assustadora Frankie teardrop. O disco era produzido por Ric Ocasek, líder dos Cars (que já havia produzido o segundo disco deles, de 1981, Alan Vega/Martin Rev), e tinha até uma eletro-valsinha, Surrender, além de um estiloso misto de rockabilly e synthpop, Jukebox baby 96.

O que ninguém esperava era que a dupla tivesse feito nessa mesma época uma estranhíssima versão de… Born in the USA, de Bruce Springsteen. A faixa surge numa versão ao vivo, gravada num show de Vega e Rev em 1988, em Paris. A dupla nem sequer disfarçou que a ideia era fazer uma versão bem lascada – saca só o sintetizadorzinho da música, e a referência a músicas como Lucille, de Little Richard, e o tema When the saints go marching in, logo na abertura. A “versão” da faixa resume-se a quase nada além do título da canção. Parece um karaokê do demo (e é).

A versão poderia ser uma bela pirataria, mas vira oficial nesse mês: vai aparecer em uma reedição de A way of life, prevista para o dia 26. A edição de luxo estará disponível em vinil azul transparente com Born in the USA e em CD com quatro faixas bônus, além do formato digital. O material extra inclui versões ao vivo de Devastation e Cheree, bem como uma versão inicial de estúdio de Dominic Christ. O pesquisador Jared Artaud encontrou as faixas enquanto trabalhava no arquivo de Vega, após a morte do cantor em 2016.

Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

E se você não sabia, vai aí a surpresa: Springsteen tá bem longe de ser um sujeito que diria “what?” ao ser informado da existência do Suicide. Pelo contrário: era fã da dupla e costumava dizer que a estreia do Suicide, o disco epônimo de 1977, era “um dos discos mais sensacionais que já ouvi”. Em 1980, o cantor esteve com a dupla e Vega descobriu que Springsteen era seu fã – e se surpreendeu.

“Ele estava gravando o disco The river (1980) e nós estávamos gravando nosso segundo álbum em Nova York. Então tivemos uma reunião de audição do nosso álbum. Havia três ou quatro figurões da nossa gravadora, e Bruce também estava lá. Depois que tocamos o álbum, houve um silêncio mortal… exceto por Bruce, que disse, ‘Isso foi ótimo pra caralho.’ Ele fazia questão de nos dizer o quanto nos amava”, contou em 2014 ao New York Post.

Mais: um texto do site Treblezine, a partir de audições da obra de Bruce e de entrevistas do Suicide, descobre: a dupla influenciou muito o sombrio disco Nebraska, tido como o “primeiro disco solo” (sem a E Street Band) de  Springsteen (1982), basicamente um disco sobre crise, desemprego e gente à beira do desespero pela falta de oportunidades. Houve uma versão elétrica e pesada de Nebraska, mas Bruce quis lançar o disco acústico, de voz, violão e registros crus, e que de fato lembram o clima esparso do Suicide do primeiro disco.

Na dúvida, ouça State trooper, cujos uivos lembram bastante os gritos (sem aviso prévio) de Frankie teardrop. “Lembro-me de entrar na minha gravadora logo após o lançamento do meu disco”, disse Vega depois de ouvir State trooper pela primeira vez. “Eu pensei que era um dos meus álbuns que eu tinha esquecido. Mas era Bruce!”

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Cultura Pop

No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

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No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

A morte do baixista Cliff Burton, em 27 de setembro de 1986, desorientou muito o Metallica. Além do que aconteceu, teve a maneira como aconteceu: a banda dormia no ônibus de turnê, sofreu um acidente que assustou todo mundo, e quando o trio restante saiu do veículo, só restou encarar a realidade. A partir daquele momento, estavam não apenas sem o baixista, como também estavam sem o amigo Cliff, sem o cara que mais havia influenciado James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett musicalmente, e sem a configuração que havia feito de Master of puppets (1986) o disco mais bem sucedido do grupo até então.

Hoje no Pop Fantasma Documento, a gente dá uma olhada em como ficou a vida do Metallica (banda que, você deve saber, está lançando disco novo, 72 seasons) num período em que o grupo foi do céu ao inferno em pouco tempo. O Metallica já era considerado uma banda de tamanho BEM grande (embora ainda não fosse o grupo multiplatinado e poderoso dos anos 1990) e, justamente por causa disso, teve que passar por cima dos problemas o mais rápido possível. E sobreviver, ainda que à custa justamente da estabilidade emocional de Jason Newsted, o substituto do insubstituível Cliff Burton…

Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Skull Koraptor e Manger Cadavre?

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta-feira!

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Destaque

Dan Spitz: metaleiro relojoeiro

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Se você acompanha apenas superficialmente a carreira da banda de thrash metal Anthrax e sentia falta do guitarrista Dan Spitz, um dos fundadores, ele vai bem. O músico largou a banda em 1995, pouco antes do sétimo disco da banda, Stomp 442, lançado naquele ano. Voltaria depois, entre 2005 e 2007, mas entre as idas e as vindas, o guitarrista arrumou uma tarefa bem distante da música para fazer: ele se tornou relojoeiro (!).

A vida de Dan mudou bastante depois que o músico teve filhos em 1995, e começou a se questionar se queria mesmo aquela vida na estrada. “Fazíamos um álbum e fazíamos turnês por anos seguidos, e então começávamos o ciclo de novo – o tempo em casa não existia. É uma história que você vê em toda parte: tudo virou algo mundano e mais parecido com um trabalho. Eu precisava de uma pausa”, contou Spitz ao site Hodinkee.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Rockpop: rock (do metal ao punk) na TV alemã

Na época, lembrou-se da infância, quando ficava sentado com seu avô, relojoeiro, desmontando relógios Patek Philippe, daqueles cheios de pecinhas, molas e motores. “Minha habilidade mecânica vem de minha formação não tradicional. Meu quarto parecia uma pequena estação da NASA crescendo – toneladas de coisas. Eu estava sempre construindo e desmontando coisas durante toda a minha vida. Eu sou um solucionador de problemas no que diz respeito a coisas mecânicas e eletrônicas”, recordou no tal papo.

Spitz acabou no Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça, o WOSTEP, onde basicamente passou a não fazer mais nada a não ser mexer em relógios horrivelmente difíceis o dia inteiro, aprender novas técnicas e tentar alcançar os alunos mais rápidos e mais ágeis da instituição.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Discos de 1991 #9: “Metallica”, Metallica

A música ainda estava no horizonte. Tanto que, trabalhando como relojoeiro em Genebra, pensou em largar tudo ao receber um telefonema do amigo Dave Mustaine (Megadeth) dizendo para ele esquecer aquela história e voltar para a música. Olhou para o lado e viu seu colega de bancada trabalhando num relógio super complexo e ouvindo Slayer.

O músico acha que existe uma correlação entre música e relojoaria. “Aprender a tocar uma guitarra de heavy metal é uma habilidade sem fim. É doloroso aprender. É isso que é legal. O mesmo para a relojoaria – é uma habilidade interminável de aprender”, conta ele. “Você tem que ser um artista para ser o melhor – seja na relojoaria ou na música. Você precisa fazer isso por amor”.

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