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Once And Future Band: lembrando o fim dos Beatles e o começo do ELO

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Once And Future Band

O selo californiano Castle Face Records foi criado em 2006 tendo como um dos sócios John Dwyer, da banda Thee Oh Sees. Seu catálogo é repleto de pérolas do pós-punk, do art rock e do rock alternativo, incluindo discos do próprio Thee Oh Sees, de Ty Segall, da banda psicodélica King Gizzard & the Lizard Wizard e outros nomes. E um lançamento bem curioso (e bacana) do selo é o primeiro álbum epônimo de uma banda de Oakland, a Once And Future Band, que faz um som que pode MUITO ser definido como rock progressivo – mas que lembra bastante os últimos álbuns dos Beatles e os primeiros de bandas como Electric Light Orchestra e Wizzard (se você acha Roy Wood, criador de ambos os grupos, um dos grandes gênios da história do rock, tem enormes chances de gostar da Once And Future Band – e o grupo passou pelo nosso podcast, o INVISÍVEL, na semana passada).

O grupo é formado por Joel Robinow (voz, teclados e guitarra), Raj Ojha (baterista e engenheiro de som), Eli Eckert (voz, guitarra e baixo) e Raze Regal (guitarra) e tem fascinação por referências que ninguém conhece. Numa entrevista, citaram uma banda de Sacramento, Califórnia, chamada Fuschia. O grupo teria lançado um disco apenas em formato de fita de rolo (!), chamado Purple majesty. “Esse formato destinou essa banda para a obscuridade, mas conta-se muita coisa sobre seu famigerado show, com as duas guitarristas gêmeas Helen Killer e Marie Anntoinutz”, contou Eli Eckert, num papo com o site Reverb Party – quem achar algum rastro desse Fuschia na internet, merece mais que um doce, merece um canavial inteiro (e as chances de Eli estar deliberadamente trollando o repórter são grandes). O “band” do nome do grupo, por sua vez, é uma referência ao… Band-Aid. “É porque a música é uma força curativa”, continua.

Além do primeiro LP, o grupo ainda tem um EP e um disco de sobras do EP (!) lançados. Esse material pode ser escutado na íntegra no Bandcamp do quarteto. E aí pra baixo, você confere o primeiro disco na íntegra. Ouça em altíssimo volume.

Crítica

Ouvimos: Vampire Weekend, “Only god was above us”

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Ouvimos: Vampire Weekend, "Only god was above us"
  • Only god was above us é o quinto álbum de estúdio da banda norte-americana Vampire Weekend. É o segundo pela Columbia e o primeiro como trio, com Ezra Koenig (vários instrumentos), Chris Tomson (bateria) e Chris Baio (baixo).
  • O disco foi produzido por Ariel Rechtshaid com Ezra. O material foi feito entre 2019 e 2020, e todo o material foi sendo desenvolvido nos anos seguintes. Em um comunicado, a banda definiu o álbum como “direto, porém complexo, mostrando a banda ao mesmo tempo no que há de mais corajoso e também no que há de mais bonito e melódico”.

Primeiro álbum do pós-pandemia do Vampire Weekend, Only God was above us é uma espécie de disco conceitual sem conceito, em que o personagem principal parece ser alguém assombrado pelo passado, pelos desmandos, pelos donos do poder que não medem consequências, pelas bizarrices do dia a dia que fazem com que tudo seja regido pela batuta do lucro.

Não é por acaso que o álbum abre com uma acusação (“foda-se o mundo, você disse isso em silêncio/ninguém poderia te ouvir, ninguém além de mim”, no começo de Ice cream piano) e encerra com a bela e quilométrica Hope – um inventário de esperanças traídas, falsidades do dia a dia e descrença naquilo que Xuxa chamava de “o cara lá de cima”, tudo encerrado com uma nota falsa de superação, ou de positividade tóxica (“eu espero que você deixe isso passar”).

O disco novo do Vampire Weekend tem uma onda sonora e lírica que se relaciona com a Nova York dos anos 1980, como os próprios integrantes vêm falando em entrevistas. Um assunto que não pode ser mencionado sem que surjam temas como violência, desigualdade, racismo e pouco caso com minorias. Não é por acaso que existem faixas como Prep-school gangsters e Gen-x cops, canções que parecem falar sobre reação e reacionarismo. Muito embora resenhistas pelo mundo aforam estejam interpretando as letras como recados do vocalista Ezra Koenig para ele mesmo e para seus colegas de banda.

Musicalmente, o Vampire Weekend volta menos indie, mais clássico, mais pop barroco, mais e mais influenciado por sons lançados lá pelos anos 1960 – só que cruzados com o design sonoro eletrônico e sampleado do grupo. Capricorn investe num lado meio folk e dream pop, Classical é um quase drum’n bass com referência de Smiths, Connect traz um lado meio bossa, meio Beach Boys para o álbum. Mary Boone parte de um sample do Soul II Soul – da faixa Back to life (However do you want me) – para construir um r&b gospel e orquestral.

De impressionar de verdade, e já no fim do disco: Pravda, com suas guitarras cheias de referências da juju music, e som pop cheio de batidas afro – soando como um Talking Heads ligado ao dream pop. E Hope tem cara de hino, com belo tratamento orquestral. Bom retorno.

Nota: 8
Gravadora: Columbia.

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Lançamentos

Tributo ao Dead Fish, da Mutante Radio, chega às plataformas

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Tributo ao Dead Fish, da Mutante Radio, chega às plataformas

Depois de lançar um tributo à banda santista Bombers, a webrádio paulistana Mutante Radio lança agora um tributo com 15 bandas relendo clássicos do Dead Fish. Tá servido? – Um tributo ao Dead Fish tem Skabong relendo Molotov, Rematte gravando Agressão social, Blastfemme cantando Fight for conscience, Rosa Idiota com The party e várias outras bandas, perfazendo um bom pedaço da história do grupo punk de Vitória (ES).

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Ricardo Drago, um dos criadores da Mutante Radio, conta que a ideia de fazer tributos partiu de uma conversa com Rafael Chiocarello (do site Hits Perdidos), quando ele e João Pedro Ramos (podcast Troca Fitas) lançaram um tributo aos Titãs. “Rafa me deu a ideia de fazer um tributo aos Bombers de Santos”, conta. “E desde a ideia inicial do Tá servido, eu pensava que tinha que ter bandas novas, bandas com mulheres no vocal e principalmente tinha que ser uma banda de cada canto do Brasil. E a gente conseguiu, estão representadas as cinco regiões do Brasil no disco. São sete bandas como mulher como vocalista e uma está na abertura do disco”.

Cada banda gravou na sua própria cidade e enviou a faixa para a rádio. “E com a liberdade que esse tributo tinha e tem, as bandas traduziram letras, mudaram versões, inventaram, o que tornou esse tributo muito mutante!”, diz.

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Crítica

Ouvimos: The Libertines, “All quiet on the Eastern Esplanade”

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Ouvimos: The Libertines, "All quiet on the Eastern Esplanade"
  • All quiet on the Eastern Esplanade é o quarto disco dos Libertines, banda britânica que começou em 1997 centrada na parceria entre Pete Doherty e Carl Barât (ambos voz e guitarra), e que é complementada por John Hassall (baixo) e Gary Powell (bateria).
  • O novo álbum é também o primeiro disco deles em nove anos – Anthems for doomed youth, o anterior, saiu em 2015.
  • O material do novo disco foi composto coletivamente pelo quarteto, e produzido por Dimitri Tikovoï (Placebo, Purple Disco Machine, Ghost, The Horrors). O disco foi gravado no velho mocó da banda, os Albion Rooms.
  • Carl diz que o novo disco traz a banda vivendo um momento inédito de união. “Nosso primeiro disco nasceu do pânico e da descrença de que podíamos realmente estar em um estúdio. O segundo nasceu de total conflito e miséria. O terceiro nasceu da complexidade. E neste disco, parece que estávamos todos no mesmo lugar, na mesma velocidade, e realmente nos conectamos”, afirmou.

Se bobear nem mesmo os próprios Libertines estavam esperando um retorno tão bacana, embora os fãs do grupo já estejam acostumados a surpresas. Afinal de contas, depois das brigas de dar medo entre os líderes Pete Doherty e Carl Barât, era para os dois estarem se detestando até o fim da vida. E o fator “vida”, para um sujeito que já cometeu tantos abusos quanto Doherty, é uma escolha a ser feita diariamente.

O grupo só havia lançado dois discos em sequência: a estreia Up the bracket, de 2002 e The Libertines, de 2004. Anthems for doomed youth, de 2015, o terceiro disco, veio depois de uma superação de briga de dez anos. O retorno All Quiet on the Eastern Esplanade, com seu título aludindo à Primeira Grande Guerra, amplia bastante o leque do quarteto. O grupo retorna refletindo crises e questões atuais, já que faixas como o single Run run run, Merry Old England e Baron’s claw são o dia a dia de uma existência apertada entre crises, saudades de uma época de ouro (que já faz tanto tempo…) e recordações de misérias passadas.

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Em termos de som, aquela banda que lembrava uma mescla perfeita de Clash e Television Personalities volta unindo, com classe, praticamente tudo que o rock britânico trouxe de muito bom em sua história pós-1960. Tem bandas como The Who, Beatles, Clash, The Jam e Smiths servindo de ponto de união em faixas como Run run run, o power pop Mustangs, a punk e poderosa Oh shit, o misto Clash + Smiths de So young.

Tem também o brit pop épico de Night of the hunter, com riff inspirado no Lago dos cisnes, de Tchaikovsky, com linhas vocais unindo algo de Oasis e algo parecido com As tears go by, sucesso que Mick Jagger, Keith Richard e Andrew Oldham compuseram para Marianne Faithfull. Man with the melody, por sua vez, traz lembranças da fase entertainer de David Bowie, da época de seu primeiro disco. A classuda e bela Merry Old England parece coisa do Style Council ou de Paul Weller solo.

É cedo para dizer se o novo dos Libertines vai ser ouvido daqui a alguns anos como um manual musicado de sobrevivência, como os discos do Clash. Provavelmente isso não vai acontecer – os tempos são outros, as pessoas não estão esperando mais serem salvas pelo rock. Mas a banda volta disposta até a meter o dedo nos números estranhos do streaming, em Songs they never play on the radio, dos versos: “enquanto as teias de aranha caem no novo disco/a agulha pula uma ranhura (…)/músicas que eles nunca tocam no seu rádio/você pode baixar de graça e economizar algum dinheiro”.

Nota: 9
Gravadora: EMI

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