Cultura Pop
Chuck Mosley no Brasil: um show que quase aconteceu

Morto na última quinta (9), Chuck Mosley, ex-cantor do Faith No More, vinha se recuperando da falência financeira nos últimos anos. Chegou a pedir contribuições aos fãs pelas redes sociais, e vinha fazendo shows acústicos com um time de músicos. O que pouca gente sabe é que em 2016, por muito pouco não rolaram shows dele por aqui. Seria a realização do sonho de vários fãs do FNM das antigas, mas as negociações não foram adiante. Essa quase-vinda de Chuck Mosley no Brasil foi uma ideia do jornalista Bruno Eduardo, que faz o site de rock RockOnBoard. Bruno bateu um papo com a gente sobre o show de Mosley que quase rolou.
COMEÇOU COM BILLY GOULD. “Eu fiquei amigo do baixista do grupo, Billy Gould, que é meio que o líder, o cara que responde pela banda. O entrevistei pela primeira vez em 2013 quando ele veio com um projeto paralelo, o Talking Book, para um show no Audio Rebel. Acabei tendo um contato mais particular com ele. A gente foi tomar cerveja em Botafogo, meu irmão foi junto. Ficamos amigos e acabei tendo contato com os outros integrantes do Faith No More”.
CHUCK MOSLEY. “Acabei tendo contato com Chuck porque ele voltou a se aproximar do Faith No More nesse mesmo período. Ele chegou a fazer uns shows com a banda, a se apresentar ao lado do Mike Patton. Os fãs adoraram. E acabei tendo contato com Chuck. Começamos a nos falar pelo Skype. E ele ia fazer uma turnê de 30 anos do segundo disco do Faith No More, o Introduce yourself (1987) para 2016. Eu achei ótimo porque adoro esse disco. O Chuck merecia colher os frutos do que o Faith No More fez, eu sabia de todo o ostracismo que ele vivia. Mas até então era um contato mais jornalístico mesmo”.
SHOW NO BRASIL. “Um dia perguntei para ele: ‘Chuck, esse seu projeto de shows é só uma parada local ou você quer vir a outros países?’ Porque o Billy Gould tinha vindo para cá com um projeto pequeno. Ia ser uma parada igual. Ele ficou animadíssimo. Aí começou a conversar, me perguntou se eu arrumaria um produtor. Criei uma pauta na época, falei que ele estava com interesse de vir ao Brasil. Eu falava com o Chuck por skype. Era texto quando precisava perguntar alguma coisa rápida, áudio quando o papo era maior. A voz dele estava legal, ele parecia bem”.
PODERIA TER ROLADO NO IMPERATOR. “Eu fui primeiro no Paulo Lopez, produtor do Imperator (casa de shows no Méier). E o Paulo me disse para falar com o Alessandro ALR, que estava organizando shows de rock por lá. Falei com Alessandro quando ele foi entrevistado no meu programa de rádio. Alessandro é meu brother, gosta da fase Chuck Mosley – muitos fãs preferem a do Mike Patton, mais metal. Ele falou: ‘Pô, perfeito, vamos lá’. Falei com Chuck e ele disse que estava começando a turnê dele nos EUA, fechando datas, e disse para eu falar com ele na semana seguinte. Falei que tudo bem, mas que precisava passar valores, ver se custeava a vinda dele”.
“Eu falei para o Chuck que o Brasil é o país em que o Faith No More tem maior base de fãs, e que é onde as músicas dele são mais conhecidas no mundo. E que nada mais justo que ele viesse aqui tocar essas músicas, que são dele”.
MAS AÍ… “Eu não sei se a turnê não saiu como o Chuck esperava. Comecei a ter contato com ele de novo e começaram a rolar delays nas respostas. Acredito que tenham rolado por causa dos problemas dele com drogas. Senti que ele já estava um pouco mais desanimado. O Faith No More lançou o We care a lot (primeiro disco da banda, de 1985) reeditado, remasterizado. A banda se juntou com o Chuck para fazer shows. Achei que ele não estava me respondendo mais porque ia fazer shows com o Faith No More. A parada acabou ficando daquela forma e eu desencanei. Não sou produtor, só queria ajudar o cara a trazer o projeto para cá. E aí aconteceu o que aconteceu. É triste”.
CHUCK NO FNM. “Embora as músicas com o Chuck não tenham feito tanto sucesso quanto Epic, por exemplo, a fama do Faith No More veio do repertório dele. Quando a banda tocou aqui nos anos 1990, o repertório vinha do The real thing (1989), disco que a banda gravou com o Mike Patton, e dos dois discos com Chuck. A turnê era em cima disso, e foram os melhores shows do grupo”.
“O The real thing, muita gente nem sabe disso, já estava meio que pronto antes do Patton entrar. Se você buscar na internet vai achar The morning after com melodia e letras diferentes, e Chuck no vocal. Com ele na banda, o Faith No More já cantava aquele cover de War pigs, do Black Sabbath”.
FÃ. “Sou fã do Faith No More, tenho muita relação afetiva com eles. É a banda preferida da minha adolescência. Colecionava tudo, comprava revistas, fui a todos os shows e tenho contato com os caras. Sou um profundo conhecedor do grupo. Acho que poucas pessoas no Brasil – e quiçá no mundo – conhecem o FNM tanto quanto eu. Não posso dizer que a fase que eu mais gosto é a do Chuck. Eu também gosto da fase dele, diferente dos fãs que só gostam da fase do Patton. A fase com ele é importantíssima para o sucesso do Faith No More, principalmente no Brasil. As que eu mais gosto com ele no vocal são Faster disco, RNR, As the worm turns e Chinese arithmetic“.
Cultura Pop
No nosso podcast, o 1972 do Led Zeppelin (remake!)

Há 51 anos, o Led Zeppelin precisava manter o status recém-adquirido de maior banda do mundo – que, na prática, ele dividia com algumas outras bandas, Rolling Stones entre elas. O quarto disco do grupo, de 1971, era o álbum do hit Stairway to heaven, e tinha sido o maior sucesso do quarteto até então. Em 1972, a banda faria várias turnês, reescreveria as regras do mercado de shows, começaria a gravar um disco para sair naquele ano (e que não sairia naquele ano, enfim) e desfrutaria de um poder jamais visto no universo da música.
E, sim: o episódio de hoje do nosso podcast é um remake de um outro episódio que fizemos em 27 de maio sobre um ano em que uma das maiores bandas de todos os tempos se dividiu entre estrada e estúdios, e não lançou disco nenhum. O episódio volta com algumas mudanças no roteiro, identidade visual diferente e outras recomendações musicais. E vale relembrar (o antigo tá aqui).
Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Black Midi e Loreta Colucci.
Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta!
Cultura Pop
Roberto Carlos: agradecimento aos fãs e lembranças em “Eu ofereço flores”

Quando Roberto Carlos anunciou uma música nova chamada Eu ofereço flores, que foi cantada por ele em 19 de abril no show comemorativo de seus 82 anos – cidade natal de Cachoeiro de Itapemirim (ES) – imediatamente me veio à cabeça a antipatia de Roberto ao distribuir flores à plateia durante shows, no ano passado, quando ele chegou até mesmo a responder de maneira grosseira a um fã que testava sua paciência.
Seria uma maneira de fazer as pazes com o público, então? Talvez. Eu ofereço flores põe pela primeira vez em música um hábito que Roberto Carlos tem no fim de seus shows há anos, e que sempre tornou suas apresentações especiais para todos. Afinal, é um artista romântico que, no fim do show, oferece um presente para suas fãs mais dedicadas, em especial às fãs que têm coragem de se aventurar na frente para disputar uma das rosas com várias outras admiradoras (uma fã dele certa vez me confessou que lixava as unhas quase no formato de garras antes de ir aos shows de Roberto – e na hora de disputar as rodas, saía distribuindo unhadas nas concorrentes).
Eu ofereço flores, uma balada com belo arranjo orquestral (que ocupa o final da faixa, com direito a tímpanos para dar mais grandiloquência), é basicamente uma música feita por ele para agradecer aos fãs pelo amor e pela fidelidade durante suas seis décadas de carreira. “Eu quero agradecer/por tudo o que você/de bom me faz sentir/por tantas emoções/você me viu chorar/você me fez sorrir”, diz a letra. É uma boa surpresa para quem já estava acostumado à falta de novidades, já que se os álbuns anuais de Roberto deixaram de ser feitos em 2005, nem mesmo o hábito de lançar um single a cada ano foi adquirido pelo cantor. Aliás, o único single realmente memorável lançado por ele nos últimos tempos foi o de Esse cara sou eu, que já tem onze anos (Sereia, de 2017, feita para a trilha da novela A força do querer, não é tão brilhante).
- E lembramos que temos um episódio do nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, sobre a fase 1966/1967 de Roberto Carlos. Ouça aqui.
A nova música deixa um certo ar de despedida, até por ser um canção em que Roberto elenca tudo que o faz agradecer aos fãs, como se folheasse um álbum de fotografias. Será? Que seja apenas uma impressão. Para 2024, ano em que se comemora os 60 anos do bem sucedido álbum É proibido fumar, o cantor poderia se espelhar no exemplo de vários colegas mais novos, que fazem do lançamento de álbuns um acontecimento de grandes proporções, e lançar um novo disco. Sim: com doze faixas, nem que algumas delas sejam regravações.
Se o tal disco (que só existe na minha imaginação) trouxer músicas novas dele, unidas a canções novas de seus habituais fornecedores (a dupla Eduardo Lages e Paulo Sergio Valle, por exemplo), vai ser o sonho de muita gente. Os fãs merecem ser supreendidos mais uma vez por Roberto – e ninguém merece ver o maior cantor pop brasileiro de todos os tempos apenas virar meme todo final de ano com o “descongelamento” de sua imagem.
Foto: Reprodução da capa do single.
Cultura Pop
No nosso podcast, Jimi Hendrix e o disco “Electric ladyland”

Raramente a gente faz um episódio do nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, falando apenas de um disco – geralmente a gente escolhe uma época, uma fatia de vida de algum personagem da música. Dessa vez aproveitamos a proximidade do aniversário de 81 anos de Jimi Hendrix (ele chegaria a essa idade no dia 27 de novembro) para lembrar de um disco que não apenas é o melhor do guitarrista norte-americano, como também é um daqueles álbuns dos quais pode-se dizer que, depois dele, nada foi a mesma coisa.
No episódio de hoje, tudo o que você sabe, tudo que você não sabe e tudo que você deveria saber sobre Electric ladyland (1968), terceiro álbum do Jimi Hendrix Experience. Um disco que mudou o rock, a psicodelia, a guitarra e a tecnologia da música – num período em que a nova onda dos sintetizadores dobrava a esquina. E uma época que exigiu muito, emocionalmente e psicologicamente, de Hendrix. Ouça no volume máximo.
Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: L’Rain e Julico.
Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta!
Foto: Reprodução da capa do disco Electric ladyland.
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