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Alan James: um papo sobre Todd Rundgren, Curt Boettcher, Dennis Wilson…

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Alan James: um papo sobre Todd Rundgren, Curt Boettcher, Dennis Wilson...

Todas as vezes em que encontrei com o músico, cantor e compositor carioca Alan James, sua adoração por Beach Boys e por nomes como Todd Rundgren tomaram boa parte da conversa. Fora a quantidade de bandas inusitadas, estranhas e psicodélicas que ele gosta. Quase todas as vezes que descubro um som das antigas que eu não conhecia (ou, quem sabe, alguma banda nova que segue os ditames dos anos 1960), de uma coisa posso ter certeza: ele já conhece e já sabe tudo a respeito da história dela.

Alan acaba de lançar seu primeiro disco solo, Despertar, por sinal. O disco vale várias ouvidas para quem é fã de nomes como Beatles, Beach Boys, Guilherme Arantes e o próprio Todd Rundgren. Você escuta o disco aí em cima. E abaixo, você confere seis músicas de artistas que influenciaram bastante o compositor na hora de fazer as canções do disco. Pedi pra Alan James falar um pouco de cada uma delas e ele veio com informações bem detalhadas sobre seis preciosidades do lado mais psicodélico e criativo do pop-rock. Confira aí.

TODD RUNDGREN-  “It takes two to tango”

“Dentre minhas influências como multiinstrumentista, Todd Rundgren se tornou uma delas. Há anos sou fã de seu disco de maior sucesso Something/Anything (1972), um álbum duplo com quatro partes diferentes em um único disco e no qual ele tocou tudo em 3/4 dele.

Esse é o disco que tem I saw the light, mas essa é disparada a minha favorita dele. Uma musica cheia de teclados (clavinete, órgão, etc) com harmonias vocais e arranjo maravilhosos, uma musica que nunca ouvi igual antes ou depois. Sua performance convincente na bateria (sendo que ele aprendeu a tocar pra gravar o disco) me inspirou a querer voltar a tocar bateria em estúdio depois de três anos pra gravar a bateria de Uma estrada melhor, uma das musicas do meu disco”.

EMITT RHODES – “Somebody made for me”

“Mais um multiinstrumentista e compositor fantástico que mudou a minha vida musical.

Emitt Rhodes é uma grande inspiração como músico, compositor e produtor que faz tudo sozinho.

Após o fim de sua banda The Merry Go Round, gravou três discos tocando tudo na garagem da casa de seus pais entre 1969 e 1973, sendo o primeiro de 1970 o seu melhor e o meu favorito.

Quando ouvi Somebody made for me com seus acordes fantásticos, harmonias vocais e um arranjo no qual Emitt brilha tocando tudo sozinho, de cara virei fã e passei a ouvir sua obra, porém esse é o meu disco de cabeceira”.

GUSTAVO TELLES E OS ESCOLHIDOS – “Do seu amor, primeiro é você quem precisa”

“Conheci o trabalho do Gustavo Telles graças ao Lucas Leão (dos Beach Combers), que me falou muito bem das suas musicas e influências.

Quando ouvi, fiquei de cara e virei fã. Suas musicas tem muita influência do country, de bandas como The Band, e passei a ouvir muito os seus dois discos (hoje ele já tem um terceiro).

Me inspirei bastante em suas musicas em especial quando fiz o arranjo e gravei Uma estrada melhor, canção que fiz pro meu disco Despertar“.

THE BALLROOM – “I’ll grow stronger”

“The Ballroom na minha humilde opinião são a maior joia escondida da psicodelia, o melhor exemplo do sucesso que não aconteceu.

Conheci esse quarteto por causa da figura central do grupo, seu mentor, compositor e produtor Curt Boettcher, um mago dos estúdios de LA dos anos 60 e 70 (foi dele a produção do grande hit Along comes mary, que levou o The Association ao primeiro lugar). Bruce Johnston (Beach Boys) chegou a me dizer em um papo que tivemos que o achava às vezes mais audacioso que Brian Wilson.

Ouvindo o Sagittarius (outro projeto de Curt), descobri sobre uma coletânea tripla chamada Magic time, que continha álbuns e demos de outro projetos de Curt, entre eles o álbum nunca lançado do Ballroom.

Lançaram um single que infelizmente não aconteceu, e esse álbum só foi sair nessa coletânea, um tesouro da psicologia que se tornou um disco de cabeceira, em especial essa musica onde o sunshine pop acontece em todo o seu esplendor com maravilhosos arranjos de base e vocais. Ouço sempre”.

CURT BOETTCHER – “I love you more each day”

“Anos depois de explorar seus projetos como artista, compositor e produtor (incluindo o álbum Begin da banda The Millennium que por anos foi o álbum mais caro bancado pela CBS em 1969, e um remake disco de Here comes the night pros Beach Boys em 79), finalmente passei a conhecer sua curtíssima carreira solo.

Foi ouvir essa faixa de abertura de seu primeiro (e único) álbum lançado em vida que fiquei de cara. Muitos violões, bateria pesada, inventivo arranjo de metais e cordas, e harmonias vocais que são a sua marca registrada.

Ouvi direto meses a fio, e já se tornou daqueles discos que vou ouvir a vida inteira.
Pra mim que já conhecia muito de sua obra, percebi que ele manteve a magia em suas produções dos anos 70.

Embora tenha assinado poucas musicas do disco, ainda assim é na minha opinião um trabalho essencial e que faz jus a obra desse talento, cuja melhor definição foi a de uma matéria do New York Times: aquele que poderia ter sido e nunca foi”.

DENNIS WILSON – “Friday night”

“Por último e não menos importante, o meu artista favorito de todos os tempos, que fez o disco da minha vida.

Dennis Wilson era o baterista dos Beach Boys, o rebelde da banda que representava fielmente a imagem do que banda cantava.

Quando começou a compor e lançar suas musicas nos discos a partir de 68, foi forjando uma identidade própria e a parte da banda, a ponto de ter sido o primeiro a lançar um single solo em 1970, e acabou sendo também o primeiro a lançar um álbum solo, nesse caso o maravilhoso Pacific Ocean blue de 1977.

Trata-se de um disco único (nunca ouvi nada parecido ou igual antes ou depois), com arranjos surpreendentes, canções bem peculiares que em nada lembram os Beach Boys, e uma emoção enorme em estado puro que causa um profundo impacto em quem gosta do disco.

Gosto do álbum inteiro, mas essa sem duvida é a minha favorita. Musica totalmente dark e sombria, cuja introdução – cheia de pianos, teclados e guitarras fantasmagóricas – dá o clima que vem a seguir, um rock com ritmo lento no qual Dennis canta sobre cenários da noite: o que ele vê acontecer, revive lembranças e revela pensamentos.

Uma obra prima”.

(crédito da foto: Jardel Muniz/Divulgação).

Cultura Pop

Quando Suicide gravou… “Born in the USA”, do Bruce Springsteen

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Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

A way of life, disco de 1988 da dupla de música eletrônica Suicide, é tido como um disco, er, acessível. Acessível à moda de Martin Rev e Alan Vega, claro. O disco pelo menos podia ser colocado tranquilamente na prateleira dos artífices da darkwave e era bem mais audível do que o comum de um grupo que havia lançado a assustadora Frankie teardrop. O disco era produzido por Ric Ocasek, líder dos Cars (que já havia produzido o segundo disco deles, de 1981, Alan Vega/Martin Rev), e tinha até uma eletro-valsinha, Surrender, além de um estiloso misto de rockabilly e synthpop, Jukebox baby 96.

O que ninguém esperava era que a dupla tivesse feito nessa mesma época uma estranhíssima versão de… Born in the USA, de Bruce Springsteen. A faixa surge numa versão ao vivo, gravada num show de Vega e Rev em 1988, em Paris. A dupla nem sequer disfarçou que a ideia era fazer uma versão bem lascada – saca só o sintetizadorzinho da música, e a referência a músicas como Lucille, de Little Richard, e o tema When the saints go marching in, logo na abertura. A “versão” da faixa resume-se a quase nada além do título da canção. Parece um karaokê do demo (e é).

A versão poderia ser uma bela pirataria, mas vira oficial nesse mês: vai aparecer em uma reedição de A way of life, prevista para o dia 26. A edição de luxo estará disponível em vinil azul transparente com Born in the USA e em CD com quatro faixas bônus, além do formato digital. O material extra inclui versões ao vivo de Devastation e Cheree, bem como uma versão inicial de estúdio de Dominic Christ. O pesquisador Jared Artaud encontrou as faixas enquanto trabalhava no arquivo de Vega, após a morte do cantor em 2016.

Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

E se você não sabia, vai aí a surpresa: Springsteen tá bem longe de ser um sujeito que diria “what?” ao ser informado da existência do Suicide. Pelo contrário: era fã da dupla e costumava dizer que a estreia do Suicide, o disco epônimo de 1977, era “um dos discos mais sensacionais que já ouvi”. Em 1980, o cantor esteve com a dupla e Vega descobriu que Springsteen era seu fã – e se surpreendeu.

“Ele estava gravando o disco The river (1980) e nós estávamos gravando nosso segundo álbum em Nova York. Então tivemos uma reunião de audição do nosso álbum. Havia três ou quatro figurões da nossa gravadora, e Bruce também estava lá. Depois que tocamos o álbum, houve um silêncio mortal… exceto por Bruce, que disse, ‘Isso foi ótimo pra caralho.’ Ele fazia questão de nos dizer o quanto nos amava”, contou em 2014 ao New York Post.

Mais: um texto do site Treblezine, a partir de audições da obra de Bruce e de entrevistas do Suicide, descobre: a dupla influenciou muito o sombrio disco Nebraska, tido como o “primeiro disco solo” (sem a E Street Band) de  Springsteen (1982), basicamente um disco sobre crise, desemprego e gente à beira do desespero pela falta de oportunidades. Houve uma versão elétrica e pesada de Nebraska, mas Bruce quis lançar o disco acústico, de voz, violão e registros crus, e que de fato lembram o clima esparso do Suicide do primeiro disco.

Na dúvida, ouça State trooper, cujos uivos lembram bastante os gritos (sem aviso prévio) de Frankie teardrop. “Lembro-me de entrar na minha gravadora logo após o lançamento do meu disco”, disse Vega depois de ouvir State trooper pela primeira vez. “Eu pensei que era um dos meus álbuns que eu tinha esquecido. Mas era Bruce!”

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Cultura Pop

No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

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No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

A morte do baixista Cliff Burton, em 27 de setembro de 1986, desorientou muito o Metallica. Além do que aconteceu, teve a maneira como aconteceu: a banda dormia no ônibus de turnê, sofreu um acidente que assustou todo mundo, e quando o trio restante saiu do veículo, só restou encarar a realidade. A partir daquele momento, estavam não apenas sem o baixista, como também estavam sem o amigo Cliff, sem o cara que mais havia influenciado James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett musicalmente, e sem a configuração que havia feito de Master of puppets (1986) o disco mais bem sucedido do grupo até então.

Hoje no Pop Fantasma Documento, a gente dá uma olhada em como ficou a vida do Metallica (banda que, você deve saber, está lançando disco novo, 72 seasons) num período em que o grupo foi do céu ao inferno em pouco tempo. O Metallica já era considerado uma banda de tamanho BEM grande (embora ainda não fosse o grupo multiplatinado e poderoso dos anos 1990) e, justamente por causa disso, teve que passar por cima dos problemas o mais rápido possível. E sobreviver, ainda que à custa justamente da estabilidade emocional de Jason Newsted, o substituto do insubstituível Cliff Burton…

Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Skull Koraptor e Manger Cadavre?

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta-feira!

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Dan Spitz: metaleiro relojoeiro

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Se você acompanha apenas superficialmente a carreira da banda de thrash metal Anthrax e sentia falta do guitarrista Dan Spitz, um dos fundadores, ele vai bem. O músico largou a banda em 1995, pouco antes do sétimo disco da banda, Stomp 442, lançado naquele ano. Voltaria depois, entre 2005 e 2007, mas entre as idas e as vindas, o guitarrista arrumou uma tarefa bem distante da música para fazer: ele se tornou relojoeiro (!).

A vida de Dan mudou bastante depois que o músico teve filhos em 1995, e começou a se questionar se queria mesmo aquela vida na estrada. “Fazíamos um álbum e fazíamos turnês por anos seguidos, e então começávamos o ciclo de novo – o tempo em casa não existia. É uma história que você vê em toda parte: tudo virou algo mundano e mais parecido com um trabalho. Eu precisava de uma pausa”, contou Spitz ao site Hodinkee.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Rockpop: rock (do metal ao punk) na TV alemã

Na época, lembrou-se da infância, quando ficava sentado com seu avô, relojoeiro, desmontando relógios Patek Philippe, daqueles cheios de pecinhas, molas e motores. “Minha habilidade mecânica vem de minha formação não tradicional. Meu quarto parecia uma pequena estação da NASA crescendo – toneladas de coisas. Eu estava sempre construindo e desmontando coisas durante toda a minha vida. Eu sou um solucionador de problemas no que diz respeito a coisas mecânicas e eletrônicas”, recordou no tal papo.

Spitz acabou no Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça, o WOSTEP, onde basicamente passou a não fazer mais nada a não ser mexer em relógios horrivelmente difíceis o dia inteiro, aprender novas técnicas e tentar alcançar os alunos mais rápidos e mais ágeis da instituição.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Discos de 1991 #9: “Metallica”, Metallica

A música ainda estava no horizonte. Tanto que, trabalhando como relojoeiro em Genebra, pensou em largar tudo ao receber um telefonema do amigo Dave Mustaine (Megadeth) dizendo para ele esquecer aquela história e voltar para a música. Olhou para o lado e viu seu colega de bancada trabalhando num relógio super complexo e ouvindo Slayer.

O músico acha que existe uma correlação entre música e relojoaria. “Aprender a tocar uma guitarra de heavy metal é uma habilidade sem fim. É doloroso aprender. É isso que é legal. O mesmo para a relojoaria – é uma habilidade interminável de aprender”, conta ele. “Você tem que ser um artista para ser o melhor – seja na relojoaria ou na música. Você precisa fazer isso por amor”.

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